Preocupadas com o resultado das eleições na Argentina, poucas pessoas prestaram atenção no resultado das eleições na Suíça. É verdade, a Suíça é um país pequeno, com uma população de maioria conservadora, mas reúne uma diversidade de cidadãos vivendo em harmonia, apesar de suas diferenças étnicas e linguísticas.
Nem tudo que se aplica em termos econômicos ou políticos dentro da Suíça pode servir de exemplo para seus vizinhos, mas seus vizinhos seguem sempre de perto os resultados de suas eleições, mesmo se nem todos os suíços votam. O fato do voto poder ser dado pelo correio não convence a população a participar das eleições.
Como o voto não é obrigatório, a maioria dos suíços não vota, mesmo recebendo em casa pelo correio todo material eleitoral. Este ano, houve um aumento de 1,5% no número de votantes, porém, somando-se os votos enviados por correspondência e os depositados pessoalmente nas urnas nas seções eleitorais, só votaram 46,6% dos eleitores.
Muita gente descontente com o aumento dos seguros saúde, obrigatórios e privatizados, com o aumento dos aluguéis e com o aumento da inflação, visível nos supermercados, nem assim foi votar. E nisso se percebem coisas estranhas, no cantão de Genebra, de idioma francês, onde os socialistas são mais fortes, é onde menos se vota, apenas 39,9 %, enquanto os suíços dos cantões de língua alemã, com votos conservadores, são os que mais votam, 59,39%.
A Suíça não tem eleição presidencial - o poder executivo do país é exercido por um Conselho federal de 7 membros, escolhidos pelo Parlamento. Certas questões mais polêmicas são decididas pelo próprio povo, por consultas populares.
O Parlamento é formado pelo Conselho Nacional, formado por 200 deputados e pelo Conselho dos Estados, num total de 46 membros, que poderíamos chamar de senadores.
E o que dizem os vizinhos dos suíços sobre o resultado das eleições?
O jornal alemão Spiegel resumiu assim: "Partido Popular Populista (SVP) vence eleições parlamentares. Ele se baseou em slogans contra a imigração".
Na Bélgica, o jornal Le Soir anuncia:
"A direita populista suíça venceu com folga as eleições legislativas de domingo, num contexto marcado pelo recrudescimento da questão migratória, pelo risco de ataques na Europa e pelas tensões no Médio Oriente. A União Democrática do Centro (UDC), de extrema-direita, está a reforçar a sua posição como o principal partido político do país, com cerca de 30% dos votos no Conselho Nacional (câmara baixa do parlamento)."
Na França, o jornal Le Monde diz praticamente a mesma coisa:
"A direita populista suíça venceu em grande parte as eleições legislativas de domingo, 22 de outubro, com 29,2% dos votos. Um fortalecimento da União Democrática de Centro (UDC), muito à frente dos Socialistas (PSS), o segundo partido na câmara baixa do Parlamento, que obteve pouco mais de 17% dos votos."
Os grandes perdedores foram os Verdes, apesar da mudança climática estar se tornando cada vez mais evidente. Dois atentados, um na Bélgica e outro na França, cometidos por imigrantes islamitas, reforçaram os argumentos do partido populista suíço (SVP ou UDC) e devem ter influenciado no voto dos suíços.Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
Muita gente descontente com o aumento dos seguros saúde, obrigatórios e privatizados, com o aumento dos aluguéis e com o aumento da inflação, visível nos supermercados, nem assim foi votar. E nisso se percebem coisas estranhas, no cantão de Genebra, de idioma francês, onde os socialistas são mais fortes, é onde menos se vota, apenas 39,9 %, enquanto os suíços dos cantões de língua alemã, com votos conservadores, são os que mais votam, 59,39%.
A Suíça não tem eleição presidencial - o poder executivo do país é exercido por um Conselho federal de 7 membros, escolhidos pelo Parlamento. Certas questões mais polêmicas são decididas pelo próprio povo, por consultas populares.
O Parlamento é formado pelo Conselho Nacional, formado por 200 deputados e pelo Conselho dos Estados, num total de 46 membros, que poderíamos chamar de senadores.
E o que dizem os vizinhos dos suíços sobre o resultado das eleições?
O jornal alemão Spiegel resumiu assim: "Partido Popular Populista (SVP) vence eleições parlamentares. Ele se baseou em slogans contra a imigração".
Na Bélgica, o jornal Le Soir anuncia:
"A direita populista suíça venceu com folga as eleições legislativas de domingo, num contexto marcado pelo recrudescimento da questão migratória, pelo risco de ataques na Europa e pelas tensões no Médio Oriente. A União Democrática do Centro (UDC), de extrema-direita, está a reforçar a sua posição como o principal partido político do país, com cerca de 30% dos votos no Conselho Nacional (câmara baixa do parlamento)."
Na França, o jornal Le Monde diz praticamente a mesma coisa:
"A direita populista suíça venceu em grande parte as eleições legislativas de domingo, 22 de outubro, com 29,2% dos votos. Um fortalecimento da União Democrática de Centro (UDC), muito à frente dos Socialistas (PSS), o segundo partido na câmara baixa do Parlamento, que obteve pouco mais de 17% dos votos."
Os grandes perdedores foram os Verdes, apesar da mudança climática estar se tornando cada vez mais evidente. Dois atentados, um na Bélgica e outro na França, cometidos por imigrantes islamitas, reforçaram os argumentos do partido populista suíço (SVP ou UDC) e devem ter influenciado no voto dos suíços.Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.