Bombardeios destroem hospitais na Síria

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Publicado segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016 as 11:39, por: CdB

 

Ataques aéreos atribuídos às forças russas atingem dois centros médicos no norte sírio e deixam pelo menos 19 mortos, incluindo crianças e mulheres

 

Por Redação, com DW – de Beirute:

 

Uma série de bombardeios aéreos, ambos atribuídos às forças russas, destruiu dois hospitais no norte da Síria nesta segunda-feira, deixando um total de pelo menos 19 mortos.

Um dos dois hospitais era apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na província de Idlib. Ao menos nove pessoas morreram no ataque que, segundo denuncia a ONG, foi um ato deliberado.

Um dos dois hospitais era apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras
Um dos dois hospitais era apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras

– Foi um ataque deliberado contra um estabelecimento de saúde – afirmou Massimiliano Rebaudengo, chefe da missão local da MSF. “A destruição priva cerca de 40 mil pessoas de tratamentos na zona de conflito.”

O hospital, que tem 54 funcionários e 30 leitos e é financiado pela MSF, teria sido atingido por quatro mísseis, em dois diferentes ataques num intervalo de poucos minutos. A ONG apoia cerca de 150 hospitais na Síria.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização que monitora a guerra civil, o ataque foi responsabilidade das forças russas.

Não é a primeira vez que um centro médico que recebe apoio da MSF é atacado na Síria. Em 5 de fevereiro, três pessoas morreram e outras seis, entre elas uma enfermeira, ficaram feridas num bombardeio contra um centro médico em Tafas, no sul da Síria e também ajudado pela ONG.

O outro ataque desta segunda-feira atingiu um hospital para crianças na cidade de Azaz, perto da fronteira com a Turquia. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, dez pessoas morreram, entre elas três crianças e uma mulher grávida, e mais de 30 ficaram feridas.

Turquia culpa Rússia

Em visita à Ucrânia, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, denunciou ter sido um míssil balístico russo que atingiu o hospital. Segundo ele, o objetivo do ataque é deixar a comunidade internacional com apenas duas opções: o ditador Bashar al-Assad ou o “Estado Islâmico”.

Davutoglu afirmou ainda que as forças russas e a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) fecharam a passagem humanitária na fronteira ao norte de Aleppo. Ele garantiu que a Turquia vai retaliar os curdos se eles continuarem a atacar Azaz.

O Exército da Turquia bombardeou alvos das Unidades de Proteção Popular no norte da Síria no fim de semana, depois de o grupo tomar uma base aérea ao norte da cidade de Aleppo.

Ancara vê a milícia como uma organização terrorista e uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta por autonomia no sudeste turco há 31 anos. Os EUA, por sua vez, não consideram a milícia como terrorista e apoiam os confrontos do grupo contra o “Estado Islâmico” na Síria.

A Síria sofre há quase cinco anos um conflito que já custou a vida de mais de 260 mil pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Caças russos realizam bombardeios na Síria desde 30 de setembro do ano passado, em apoio a Assad.

Turquia ataca curdos

O Exército da Turquia continuou no domingo a atacar com artilharia posições curdas do norte da Síria. Nas operações, realizadas no sábado e no domingo, ao norte da cidade de Aleppo, morreram pelo menos dois combatentes e sete foram feridos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Na região, Unidades de Defesa do Povo (YPG), juntamente com aliados árabes, haviam conquistado posições contra rebeldes islâmicos.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, confirmou o ataque do sábado, argumentando que o Exército reagiu contra um ataque vindo da região de Asa, no norte da Síria. Ele exigiu que as YPG se retirem da região de Asa, segundo a agência de notícias turca Anadolu. Sobre o bombardeio no domingo, não houve inicialmente comentário oficial do governo turco.

As YPG são o ramo sírio do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e estão entre os principais aliados do Ocidente no combate à milícia terrorista “Estado Islâmico”. Já a Turquia os classifica como “organização terrorista”.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, apelou para que a Turquia acabe com o bombardeio. Durante a Conferência de Segurança de Munique, ele também enfatizou que os curdosnão devem tirar vantagem de combates entre tropas sírias e rebeldes, anexando novos territórios.

A Turquia teme que as YPG e seus aliados venham a controlar a fronteira com a Turquia. Os curdos já criaram um governo autônomo em amplas áreas da região. A preocupação de Ancara é que uma região autônoma curda na Síria alimente esperanças de independência dos curdos na Turquia.