Projeto de valor simbólico tem apoio de todas as bancadas, exceto da extrema direita. Texto declara como prioridade a "contenção da crise ambiental". Medida é aprovada às vésperas de eleição parlamentar no país.
Por Redação, com DW - de Viena
O Parlamento da Áustria declarou "emergência climática" nesta quinta-feira, fazendo da luta contra as mudanças do clima uma prioridade, quatro dias antes das eleições nacionais. Pesquisas de opinião apontam que o meio ambiente é a principal preocupação dos eleitores que vão às urnas neste domingo na pequena nação alpina de 8,8 milhões de habitantes.
Já adotada por muitos outros parlamentos nacionais e cidades, a medida, de significado sobretudo simbólico, foi apoiada por parlamentares de todas as legendas, exceto o ultradireitista Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ). O texto declara a "contenção da crise climática e ambiental e suas graves consequências" como uma "tarefa da mais alta prioridade".
O objetivo é reduzir a zero a emissão de gases de efeito estufa, o mais rápido possível e antes de 2050, meta mais ambiciosa que a do Acordo de Paris sobre Mudança Climática. Além disso, nas decisões futuras também deve ser considerado o impacto no clima. A moção determina também que o governo se engaje internacionalmente nos esforços para se atingir a meta de limitar o aquecimento global em 1,5°C.
A declaração
O deputado do FPÖ Walter Rauch classificou a declaração como uma tentativa de criar "uma histeria climática muito distante de qualquer realidade". Ainda assim, todos os partidos assumiram a promessa de proteger o meio ambiente em suas campanhas, incluindo o FPÖ, que governou o país até maio, como parceiro da coalizão do então chanceler Sebastian Kurz, derrubado em consequência de um escândalo de corrupção.
Na eleição deste domingo, o conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), de Kurz, deve obter novamente a maior parcela de votos, enquanto os Verdes, que não conseguiram entrar no Parlamento nas últimas eleições, em 2017, devem obter o maior crescimento eleitoral.
A Áustria é vista como pioneira em vários campos, como agricultura orgânica e energias renováveis, mas apresenta progressos discretos em termos de redução de gases de efeito estufa. Entre 1990 e 2017, a ela e outros cinco foram os únicos países-membros da UE cujas emissões de gases de efeito estufa continuaram aumentando, tendo caído em todo o bloco cerca de 22%.
Parlamento britânico
O Parlamento britânico se tornou o primeiro do mundo a declarar emergência climática, numa moção aprovada em 1º de maio. Na Alemanha, o Bundestag rejeitou no fim de junho um pedido do partido A Esquerda para que o governo federal "reconhecesse a emergência climática".
Verdes e partes do Partido Liberal (FDP) votaram a favor. Os conservadores União Democrata Cristã (CDU) e União Social Democrata (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD), que compõem a coalizão de governo, votaram contra, assim como os populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD). No entanto, várias cidades alemãs, como Constança, já declararam emergência climática.
Cada vez mais regiões no mundo declaram estado de emergência climática: segundo a ONG norte-americana The Climate Mobilization, mais de mil cidades e povoados já deram esse passo.