Israel, que capturou a Cisjordânia na guerra do Oriente Médio de 1967, reivindica um direito bíblico sobre a terra onde os assentamentos estão se expandindo. Suas Forças Armadas afirmam que estão realizando operações antiterrorismo na Cisjordânia e que têm como alvo militantes suspeitos.
Por Redação, com Reuters - de Nova York
Os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados aumentaram em uma quantidade recorde e correm o risco de eliminar qualquer possibilidade prática de um Estado palestino, disse o chefe de direitos humanos da ONU nesta sexta-feira.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o crescimento dos assentamentos israelenses equivale à transferência de sua própria população por Israel, o que ele reiterou ser um crime de guerra. O governo dos Estados Unidos afirmou no mês passado que os assentamentos eram "inconsistentes" com o direito internacional depois que Israel anunciou novos planos de habitação na Cisjordânia ocupada.
– A violência dos colonos e as violações relacionadas aos assentamentos atingiram novos níveis chocantes e correm o risco de eliminar qualquer possibilidade prática de estabelecer um Estado palestino viável – disse Turk em uma declaração que acompanha o relatório que será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra ainda em março.
Não houve comentário imediato da missão diplomática israelense em Genebra sobre o relatório.
O relatório de 16 páginas, baseado no monitoramento da própria ONU, bem como em outras fontes, documentou 24,3 mil novas unidades habitacionais israelenses na Cisjordânia ocupada durante o período de um ano até o final de outubro de 2023, o que, segundo o relatório, foi o maior já registrado desde o início do monitoramento em 2017.
Também disse que houve um aumento dramático na intensidade, gravidade e regularidade da violência dos colonos israelenses e do Estado contra os palestinos na Cisjordânia ocupada, especialmente desde os ataques mortais do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Desde então, mais de 400 palestinos foram mortos pelas forças de segurança israelenses ou por colonos, afirmou.
Cisjordânia
Israel, que capturou a Cisjordânia na guerra do Oriente Médio de 1967, reivindica um direito bíblico sobre a terra onde os assentamentos estão se expandindo. Suas Forças Armadas afirmam que estão realizando operações antiterrorismo na Cisjordânia e que têm como alvo militantes suspeitos.
O relatório de Turk observou que as políticas do governo de Israel, que é o mais à direita da história do país e inclui nacionalistas religiosos com laços estreitos com os colonos, pareciam estar alinhadas em uma "extensão sem precedentes" com os objetivos do movimento dos colonos israelenses.
O relatório documentou casos de colonos vestindo uniformes completos ou parciais do Exército israelense e portando rifles do Exército enquanto assediavam ou atacavam palestinos, em uma indefinição dos limites entre eles. Algumas vezes, eles foram alvejados à queima-roupa, segundo o relatório.