Segundo o executivo da estatal do petróleo, a empresa não aceita qualquer tipo de intervenção. O "tabelamento de preços sempre trouxe as piores consequências”, afirmou Silva e Luna, neste domingo, e acrescentou que a decisão sobre privatizar ou não a Petrobras cabe ao governo federal.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Os principais líderes do movimento de caminhoneiros, de todos os Estados brasileiros, reuniram-se no Rio de Janeiro, neste fim de semana, e decidiram que, caso o preço do diesel não caia em até 15 dias, haverá uma greve nacional, a partir de 1º de novembro. A advertência, no entanto, não sensibilizou o presidente da Petrobras, general de Exército da reserva Joaquim Silva e Luna.
Segundo o executivo da estatal do petróleo, a empresa não aceita qualquer tipo de intervenção. O "tabelamento de preços sempre trouxe as piores consequências”, afirmou Silva e Luna, neste domingo, e acrescentou que a decisão sobre privatizar ou não a Petrobras cabe ao governo federal.
— O que evita o desabastecimento nos mercados e viabiliza o crescimento equilibrado da economia é justamente a aceitação de que os preços são determinados pelo mercado, não por 'canetadas'. O fortalecimento do dólar em âmbito global e, em especial, no Brasil, tem alavancado os preços das commodities e incrementado a inflação. Mas essas incômodas verdades não parecem muito apelativas — acrescentou Silva e Luna, a jornalistas.
No ano passado, a Petrobras elevou o preço da gasolina em 60% nas refinarias, e o diesel, em mais de 50%. Enquanto isso, o dólar se valorizou quase 30% em 2020 e já subiu outros 5% este ano. Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que "não pode direcionar melhor" os preços e que tem "vontade" de privatizar a Petrobras.
— Se tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipe da economia o que a gente pode fazer — afirmou o mandatário.
Reivindicações
Quanto ao congelamento do preço da gasolina, o presidente da Petrobras lembra que já foi tentado anteriormente e sempre se mostrou um equívoco. O Brasil já tentou medidas heterodoxas em outros momentos, sempre sem sucesso.
— Tabelar preços sempre trouxe as piores consequências econômicas para qualquer país que o faça. E ninguém imagina cometer erros velhos — avalia o militar.
Mesmo diante das afirmações de Silva e Luna, os caminhoneiros iniciaram a mobilização nacional da categoria contra os preços altos dos combustíveis no Brasil. Os motoristas decidiram seguir adiante com o movimento paredista.
Além da queda no preço dos combustíveis, os caminhoneiros reivindicam a volta da aposentadoria especial, concedida após 25 anos de contribuições previdenciárias, a tabela de frete, um "piso mínimo”.