O motim do Wagner, durante o qual o grupo assumiu o controle de um importante quartel-general militar no sul da Rússia e depois marchou em direção a Moscou, poderia ter levado a Rússia a uma guerra civil, segundo o presidente Vladimir Putin.
Por Redação, com Reuters – de Moscou
Belarus disse nesta sexta-feira que combatentes do grupo mercenário Wagner estavam instruindo seus soldados em uma área militar a sudeste de Minsk, a primeira indicação de que pelo menos parte de um acordo para acabar com um motim na Rússia pode estar sendo implementado.
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Alguns combatentes do Wagner estão em Belarus desde pelo menos terça-feira disseram à agência inglesa de notícias Reuters duas fontes próximas aos combatentes, sob condição de anonimato devido à sensibilidade da situação.
O motim do Wagner, durante o qual o grupo assumiu o controle de um importante quartel-general militar no sul da Rússia e depois marchou em direção a Moscou, poderia ter levado a Rússia a uma guerra civil, segundo o presidente Vladimir Putin.
Com combatentes de uma das forças mercenárias mais aguerridas do mundo a apenas 200 km de Moscou, o Kremlin fechou um acordo sob o qual o chefe do Wagner, Yevgeny Prigozhin, desmobilizou seus mercenários e concordou em se transferir para Belarus em troca de o governo russo abrir mão de acusações pelo motim.
No entanto, até agora, não havia sinais de combatentes do Wagner em Belarus e Prigozhin não foi visto em público desde que deixou a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, em 24 de junho, embora um jato particular ligado a ele tenha se movido entre Belarus, Moscou e São Petersburgo.
Instrutores
“Os combatentes do Wagner atuaram como instrutores em várias disciplinas militares”, disse o canal de televisão do Ministério da Defesa de Belarus. A agência de notícias estatal Belta também informou que o Wagner estava treinando soldados bielorrussos.
O ministério divulgou um vídeo mostrando o que disse serem combatentes do Wagner instruindo soldados bielorrussos em um campo militar perto da cidade de Osipovichi, cerca de 90 km a sudeste da capital Minsk.
Ao menos um dos combatentes identificados como mercenários de Wagner tinha um símbolo de boneca Matryoshka em seu capacete, usado por alguns combatentes do Wagner.
Quando à Reuters esteve em um acampamento perto de Osipovichi na semana passada, como parte de uma viagem organizada por Belarus, não havia sinal de combatentes do Wagner lá.
O líder bielorrusso Alexander Lukashenko ajudou a intermediar o acordo de 24 de junho, embora tenha dito a repórteres há uma semana que Prigozhin estava na Rússia.
O Wagner foi fundado em 2014 por Prigozhin e Dmitry Utkin, um ex-oficial das forças especiais da inteligência militar GRU da Rússia, como uma forma de a Rússia se envolver em guerras ao redor do mundo com total negação do Estado russo.
Desde o motim, Putin disse que o grupo tinha sido financiado pelo Estado russo.
O Wagner ajudou a Rússia a anexar a Crimeia em 2014, lutou contra militantes do Estado Islâmico na Síria, operou na República Centro-Africana e no Mali e tomou a cidade ucraniana de Bakhmut para a Rússia no início deste ano, depois que ambos os lados sofreram pesadas perdas.
Putin ofereceu aos mercenários do Wagner a oportunidade de continuar lutando em uma reunião poucos dias depois de seu motim fracassado, mas sugeriu que Prigozhin fosse afastado em lugar de um comandante diferente, disse o jornal Kommersant.