Fontes de segurança alemãs acreditam que explosivos causaram danos em gasodutos no Mar Báltico, diz revista. Rússia nega envolvimento e acusa os Estados Unidos. Para essa conclusão, os especialistas analisaram dados medidos por diversas estações sísmicas pouco antes do início dos vazamentos.
Por Redação, com DW - de Berlim
Autoridade de segurança da Alemanha suspeitam que os vazamentos nos gasodutos Nord Stream, no Mar Báltico, foram causados por bombas, segundo uma reportagem publicada pela revista alemã Der Spiegel nesta sexta-feira.
Fontes ouvidas pela revista afirmaram que os danos nos dutos são comparáveis aos causados por um explosivo com 500 quilos de TNT. Para essa conclusão, os especialistas analisaram dados medidos por diversas estações sísmicas pouco antes do início dos vazamentos.
Segundo a reportagem, essa análise reforça a hipótese de que apenas um agente estatal poderia estar envolvido no incidente. Até agora, o governo alemão tem evitado especular sobre as causas dos vazamentos e espera uma inspeção no local para se manifestar. A revista afirmou que uma inspeção com mergulhadores ou robôs para avaliar os danos pode ocorrer já neste fim de semana.
Autoridades de segurança também acreditam que os danos são irreparáveis, afirmando que, quando a água salgada entra nas estruturas, o processo de corrosão ocorre muito rápido. Dessa maneira, os gasodutos não poderiam mais ser utilizados para transportar gás.
Ação de Estado
Operados por um consórcio, no qual a gigante russa Gazprom é majoritária, os gasodutos estão no centro das tensões geopolíticas dos últimos meses, que eclodiram com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Até o ano passado, Moscou era o principal fornecedor de gás para a Europa, mas desde então vem cortando o envio em possível retaliação às sanções ocidentais aplicadas ao país devido à guerra.
Após a identificação de quatro pontos de vazamento nos gasodutos, diversos países europeus afirmaram que o incidente foi causado por um ato de sabotagem. O ministro da Energia da Suécia, Khashayar Farmanbar, reforçou nesta sexta-feira essa hipótese, destacando que, devido à expansão dos danos, apenas um agente estatal teria capacidade para tal.
– É muito provável que tenha sido um ato deliberado e não um acidente. E é muito provável que foi feito por um Estado sem ter sido detectado mais cedo – afirmou Farmanbar.
Especialistas e autoridades europeias suspeitam que a Rússia esteja por trás da sabotagem. O país se beneficiará diretamente com o aumento dos preços de energia e com o agravamento da crise econômica na Europa.
Rússia acusa Estados Unidos
A Rússia nega as acusações. O presidente russo, Vladimir Putin, classificou na quinta-feira como "ato de terrorismo internacional" os vazamentos e falou em "sabotagem sem precedentes". Putin disse que o país pretende debater o incidente no Conselho de Segurança da ONU. Ele alegou ainda que Moscou sofreu danos econômicos consideráveis devido aos danos na infraestrutura.
Fontes de inteligência da Rússia alegaram nesta sexta-feira ter supostas provas que apontam a participação do Ocidente na sabotagem. O país não revelou quais seriam essas provas e vem acusando os Estados Unidos.
Os dois gasodutos Nord Stream não estavam em operação quando os vazamentos começaram. Os dutos, porém, estavam cheios de gás devido à pressão. O incidente ocorreu em águas internacionais próximas à Dinamarca e Suécia.
O transporte de gás da Rússia para a Alemanha pelo Nord Stream1 foi paralisado após Moscou alegar problemas técnicos no início de setembro. Já o Nord Stream 2 nunca entrou em operação devido ao bloqueio da infraestrutura por Berlim, depois que o governo russo reconheceu as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.