Na semana que precede a votação do dia 7 de outubro as paixões eleitorais de que não somos isentos não podem toldar nossa capacidade analítica ainda que impulsionem nossas ações.
Por João Guilherme Vargas Netto - de São Paulo
Os dirigentes e os ativistas sindicais, homens e mulheres, devem refletir com seriedade sobre o que está em jogo, muito além das disputas eleitorais.
Está em jogo o respeito aos direitos trabalhistas conquistados, está em jogo a possibilidade de revogar a lei trabalhista celerada, está em jogo a eleição de candidatos comprometidos ou simpáticos à nossa agenda prioritária de 22 pontos, está em jogo o respeito à nossa realidade sindical e aos meios reais de fortalecimento dos sindicatos, está em jogo a valorização da democracia e do voto, guiada pela vigência plena de nossa Constituição.
No espetaculoso “Brasil que queremos” da Globo, ao longo de vários meses, a voz sindical não se fez ouvir e não foi enunciada. Infelizmente este é um retrato da irrelevância de nosso movimento, querida e trabalhada pelos grandes meios de comunicação e contra a qual os dirigentes e ativistas resistem diariamente em uma luta anônima, heroica e persistente.
É hora de paixão, mas também é hora de afirmação. As mulheres nos deram um exemplo forte com o #EleNão.
Cada dirigente sindical e cada ativista deve orientar seus representados nas empresas, nas redes sociais e nas discussões apoiando-se na liderança que conquistaram ao longo das lutas diárias que travaram em conjunto.
Cada dirigente e cada ativista deve preparar sua cola eleitoral com seus candidatos a deputado federal, deputado estadual, dois senadores, governador e presidente; esta cola deve ser repassada a todos os trabalhadores.
A pedra de toque para o estabelecimento da cola deve ser o conjunto de perguntas sobre a disposição do candidato em apoiar nossas reivindicações e nossa agenda unitária, eliminando aqueles que não a endossam e não a respeitam, sobretudo os que já verbalizaram sua negativa com propostas que agridem os direitos conquistados, a Constituição e a própria efetividade dos sindicatos e das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras.
Não é possível chutar para o mato, exatamente porque o jogo é de campeonato. É preciso votar, votar bem e buscar votos.
João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.