No encontro com Arce, o presidente brasileiro afirmou que os dois países iniciam uma nova era nas relações bilaterais e que a integração da América do Sul não é mais um exercício de retórica, mas uma questão de sobrevivência.
Por Redação, com ABr – de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita à Bolívia, nesta terça-feira, reuniu-se com o presidente do país, Luiz Arce. Esta foi a primeira visita de Lula à Bolívia desde 2009 e coincidiu com a ratificação do protocolo de adesão do vizinho ao Mercosul. Durante o encontro, Lula condenou a tentativa de golpe ocorrida em junho. No mesmo dia, o presidente participou da cerimônia de encerramento do Foro Empresarial Bolívia-Brasil para discutir negócios entre os dois países.
No encontro com Arce, o presidente brasileiro afirmou que os dois países iniciam uma nova era nas relações bilaterais e que a integração da América do Sul não é mais um exercício de retórica, mas uma questão de sobrevivência.
Riquezas
Lula destacou o acesso do Brasil e da Bolívia ao Oceano Pacífico como um dos objetivos da integração. O Pacífico é considerado estratégico para a abertura de novos mercados e para a inserção do continente aos novos fluxos de comércio sob influência da China. A Bolívia perdeu o acesso direto àquele oceano após a chamada Guerra do Pacífico com o Chile, no final do século XIX. Lula citou que a integração dos dois países abrirá também as portas do Atlântico para a Bolívia.
— É preciso dar uma chance no século XXI para que o Brasil, a Bolívia e outros países da América do Sul deixem de ser tratados como países em vias de desenvolvimento ou do Terceiro Mundo — disse Lula, antes de iniciar a leitura do discurso oficial preparado para a ocasião.
Segundo o líder brasileiro, “nós temos riquezas que hoje o mundo necessita. Nós temos que oferecer ao mundo alguma coisa que eles não têm”, disse Lula, após fazer referência a fontes renováveis de energia e capacidade de produção de alimentos como diferenciais dos dois países.
Golpes
Segundo Lula, a integração deve servir “para que a Bolívia possa ir para o Pacífico, possa ir para o Atlântico, para que o Brasil possa ir para o Pacífico”. O Governo Federal, sob Lula, tem o projeto Rotas da Integração Sul-Americana, cujo objetivo é conectar todos os países do continente entre si e com os dois oceanos.
Em sua fala, Lula enfatizou ainda que os dois países têm em comum uma história “entrecortada por golpes” e tentativas de golpe, mas que têm resistido.
— Depois de quinze anos desde a última vez em que estive na Bolívia como Presidente, minha vinda simboliza mais que a retomada de uma relação de amizade. Ela representa também a comunhão de dois países cuja trajetória tem importantes paralelos. Assim como no Brasil, a democracia boliviana prevaleceu após um longo caminho entrecortado por golpes e ditaduras — afirmou Lula.
Empresários
Em 2022, segundo o convidado, “o Brasil completou o bicentenário de sua independência num dos momentos mais sombrios da sua história. Em vez de celebrar, fomos tomados por uma onda de extremismo que desembocou no 8 de janeiro”.
— O povo boliviano já havia provado desse gosto amargo com o golpe de Estado de 2019 e agora se viu acometido pela tentativa de 26 de junho. Às vésperas de comemorar o seu bicentenário em 2025, a Bolívia não pode voltar a cair nessa armadilha. Não podemos tolerar devaneios autoritários e golpismos — acrescentou o presidente.
Nesta tarde, o presidente Lula participou também de encontro com empresários.