O julgamento começou no Tribunal Provincial de Madri apenas com a declaração do brasileiro como prova em antecipação à audiência que continuará em 23 de junho.
Por Redação, com Europa Press – de Madri
O jogador do Real Madrid Vinícius Jr. declarou no julgamento que começou nesta segunda-feira contra quatro membros do Frente Atlético acusados de pendurar um boneco inflável em uma ponte em janeiro de 2023 com sua camisa que o que aconteceu foi por causa de sua “cor de pele” e contra sua pessoa, o que violou sua honra.

O julgamento começou no Tribunal Provincial de Madri apenas com a declaração do brasileiro como prova em antecipação à audiência que continuará em 23 de junho. Os réus chegaram ao tribunal com os rostos cobertos por óculos escuros, boné e máscaras pretas.
A Câmara, Seção 23, definiu o dia 16 de junho como a data para as perguntas preliminares. O jogador compareceu por meio de videoconferência na Cidade Esportiva do Real Madrid, em Valdebebas, na presença dos quatro réus. O depoimento foi antecipado porque Vinícius será convocado em junho com o Real Madrid para a Copa do Mundo de Clubes, que está sendo realizada nos Estados Unidos.
Em tom sério, o jogador disse que quando viu o que havia acontecido nas redes sociais se sentiu “muito triste” porque não sabia se ele e sua família estavam em perigo.
Quando perguntado se ele se sentiu ofendido e denegrido, respondeu que sim e ressaltou que o boneco preto com a camisa foi pendurado por causa da cor da sua pele e contra ele. Ele também destacou que havia sofrido outros tipos de insultos no estádio Riyadh Air Metropolitano.
“Você acha que se ele fosse de outro time, como o Rayo Vallecano, ele teria pendurado aquele boneco?”, perguntou um dos advogados de defesa. Ao que ele respondeu que era “por causa da cor de sua pele” e contra ele.
O promotor está pedindo quatro anos de prisão para os réus por crime contra os direitos fundamentais e liberdades públicas, em sua modalidade contra a dignidade, e outro por ameaças. A promotoria privada, que representa o Real Madrid e o jogador, aderiu à declaração do promotor.
Ao mesmo tempo, a promotoria pede uma indenização por responsabilidade civil de 6 mil euros pelo dano moral causado ao jogador. De acordo com a acusação, os quatro jovens eram membros do grupo “ultra” conhecido como Frente Atlético, “ideologicamente identificado com a extrema direita”.
Fatos do caso
Assim, nas primeiras horas da manhã de 25 para 26 de janeiro de 2023, antes do início da partida de futebol da Copa do Rei que seria disputada no estádio Santiago Bernabéu entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid, às 21 horas, os acusados foram até uma ponte na estrada M-11, em direção a Valdebebas, localizada nas proximidades do complexo esportivo Real Deportiva del Real Madrid.
Chegando lá, passaram a pendurar com uma corda um manequim, de aproximadamente 165 cm de altura, de pele e cabelos pretos, vestindo uma camisa do time de futebol Real Madrid, com o nome nas costas do jogador Vinicius, com seu número dorsal, que simbolizava, e algumas pedras como peso amarradas com fita isolante no que representaria seus tornozelos.
Eles também penduraram uma faixa de tecido vermelho na ponte, com letras pintadas de branco com o slogan “Madri odeia o Real”, com 12,90 metros de comprimento e 1,70 metro de largura.
Posteriormente, Á. B. R., “a título de reivindicação e justificativa da ação que os quatro acusados haviam realizado de forma coordenada”, publicou momentos depois, por meio da conta que administrava na rede social X (antigo Twitter), onde tinha 1.223 seguidores, uma primeira fotografia da ponte onde apareciam a faixa e o boneco pendurado, que chegou a ter 18.000 reproduções.
A publicação se tornou viral devido à publicidade alcançada nas redes sociais, onde foi amplamente divulgada, com a mídia tradicional repercutindo a notícia, “aumentando assim o dano ao direito legal protegido que consiste na dignidade da pessoa”, nesse caso tanto da vítima quanto do grupo que ela representa.
Da mesma forma, o acusado publicou uma segunda fotografia que mostrava o boneco insuflado no momento dos preparativos, com a camisa do jogador do Real Madrid encostada em uma parede, incorporando-a à hashtag #TodosSomosVini, aumentando assim o menosprezo a essa pessoa, “já que foi utilizada para demonstrar apoio à vítima e repúdio à ação praticada”.