Na madrugada desta quinta-feira, 300 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma das fazendas que pertencem ao Complexo da Cambahyba, da antiga Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro
Na madrugada desta quinta-feira, 300 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma das fazendas que pertencem ao Complexo da Cambahyba, da antiga Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. A ação acontece cerca de um mês após a Justiça decretar a desapropriação de três fazendas do local, chamadas Cambahyba, Saquarema e Flora, para fins de reforma agrária. O território é alvo de disputa há cerca de 21 anos, a partir de ocupações organizadas pelo MST. A última delas, batizada de acampamento Luís Maranhão, foi estruturada em 2012 e permaneceu ativa até meados de 2019. O MST divulgou um vídeo nas redes sociais do exato momento do rompimento das cercas de uma das fazendas da Usina Cambahyba. Desta vez, a ocupação foi batizada de Acampamento Cícero Guedes, membro da direção estadual do MST, que foi executado dentro da usina, com 10 tiros na cabeça, em 25 de janeiro de 2013. De acordo com o MST, a ocupação está sendo construída com o apoio de diversas organizações, sindicatos, entidades de direitos humanos, lideranças religiosas, partidos políticos e movimentos populares do município de Campos. Ainda segundo o MST explicou em nota, as famílias que participam da ocupação são oriundas de diversos territórios de resistência da região, como os agricultores de São João da Barra despejados do Porto do Açu, trabalhadores do corte de cana de Floresta, membros da Ocupação Nova Horizonte de Guarus e integrantes do antigo acampamento Luís Maranhão. O Complexo da Cambahyba é formado por sete fazendas que somam cerca de 3.500 hectares. Em 1998, a área foi decretada pelo Governo Federal para fins de reforma agrária. Cinco anos antes, em 1993, a usina que funcionava no local havia sido desativada após ir à falência. Anos mais tarde, em 2012, o local foi considerado improdutivo pela Justiça. Na época, a área pertencia a Heli Ribeiro Gomes, político fluminense eleito deputado federal, em 1958, e empossado vice-governador biônico do Rio de Janeiro, em 1968. Até a determinação da desapropriação pela Justiça, no último mês de maio, o registro do terreno estava em nome da empresa AVM Construções. Em nota, o MST destacou que a história da Usina Cambahyba é a expressão da formação da grande propriedade e da exploração da força de trabalho e do meio ambiente no Brasil. No texto, o movimento também afirma que não foram poucas as ocupações e as mobilizações para que o direito à desapropriação das terras da Cambahyba se realizasse. “Ocupamos Cambahyba pela memória daqueles que foram torturados, assassinados na ditadura empresarial-militar. Ocupamos para exigir justiça para Cícero Guedes, grande liderança do MST que lutou ativamente para ver as famílias trabalhadoras com melhores condições de vida. Ocupamos para exigir democracia, terra para produzir comida saudável para todas as trabalhadoras e trabalhadores pobres do campo e da cidade que vem sofrendo as consequências da pandemia de covid-19 negligenciada pelo governo”, diz trecho da nota.