Com a rejeição pelos parlamentares britânicos de alternativas ao acordo entre Londres e Bruxelas para o Brexit, crescem as chances de Reino Unido deixar União Europeia de forma desordenada no dia 12 de abril.
Por Redação, com DW - de Londres
Após o Parlamento britânico rejeitar propostas alternativas para o acordo negociado entre Londres e Bruxelas sobre o Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniu com seu gabinete nesta terça-feira para discutir os próximos passos antes da data limite de 12 de abril imposta pela União Europeia (UE). Ao mesmo tempo, aumentam as especulações sobre a possibilidade de haver eleições antecipadas para o Parlamento, o que poderia forçar uma nova configuração parlamentar que talvez pudesse romper o impasse sobre o Brexit. Mas, muitos no Partido Conservador temem que essa medida possa jogar o poder nas mãos da oposição trabalhista. É possível ainda que o governo tente uma nova votação sobre o acordo de May, apesar de ter sido rejeitado três vezes pelos parlamentares. O aumento das incertezas e a aproximação do final do prazo elevam a impaciência dos parceiros europeus, que aguardam uma solução para o impasse enquanto se preparam para o pior. "Foram os britânicos que decidiram deixar a UE, por isso cabe a eles encontrar uma solução", disse o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire. "Estamos caminhando para a falta de um acordo." O presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, disse que seu país e o continente estão preparados para esse cenário. "Fizemos todos os preparativos em nível nacional e europeu, incluindo para o caso de uma saída sem acordo, para assegurar que contratos sejam honrados e os clientes do setor financeiro sejam protegidos", afirmou. O negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, disse nesta terça-feira que o impasse no Parlamento significa que o cenário de uma saída britânica sem um acordo está mais provável a cada dia que passa. – Se o Reino Unido ainda deseja deixar a UE de forma ordenada, esse acordo é e será o único possível – afirmou, se referindo ao pacto já acordado entre Londres e Bruxelas. Segundo ele, uma extensão de longo prazo da saída traz consigo "riscos significativos" para a UE e requer uma "justificativa muito forte", numa referência às eleições europeias de maio. O coordenador para o Brexit no Europarlamento, Guy Verhofstadt, alertou que os britânicos ainda têm uma "última chance" de evitar uma saída sem acordo. "A Câmara dos Comuns votou novamente contra todas as opções. Um 'Brexit duro' se torna praticamente inevitável. Na quarta-feira, o Reino Unido terá uma última chance de romper o impasse ou terá de encarar o abismo", afirmou através do Twitter. A apenas 10 dias do final do prazo, os parlamentares devem agora traçar novas estratégias após rejeitarem as propostas que visavam amenizar o impacto de uma saída abrupta do Reino Unido ou até mesmo estabelecer mecanismos para cancelar o processo e manter o país na UE. A votação de segunda-feira revelou certa preferência dos parlamentares por um Brexit ordenado, ainda que não houvesse maioria para tal. A proposta que sofreu a derrota mais apertada (276 votos a 273) visava manter o Reino Unido dentro da união alfandegária com a UE, o que garantiria o comércio livre de tarifas. Outra moção que pedia que o país se mantivesse dentro do mercado comum europeu tanto nos setor de bens quanto no de serviços foi derrotada por 282 votos a 261. Uma terceira proposta, que pedia a realização de um novo referendo sobre o Brexit, foi derrotada por 292 a 280.