Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Uma política pública de cultura para classe trabalhadora 

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Sexta, 15 de Dezembro de 2023 às 10:16, por: CdB

A cultura, como eixo transversal, deve liderar uma política pública comprometida com a justiça social e a democracia descentralizando recursos e promovendo a diversidade.


Por Alexandre Lucas – de Brasília


Faz-se necessário se posicionar sobre qual perspectiva de política pública para cultura  se alinha  aos  interesses da classe trabalhadora. O Brasil  enfrenta  um cenário de reconstrução nacional, numa conjuntura que apresenta  uma composição  de disputa no governo federal,tanto pelas forças da esquerda como também pela própria direita, a qual  até pouco tempo balançava as bandeiras do bolsonarismo e do  fascismo. O oportunismo da direita não saiu do plantão. Do outro  lado, continuam acesas e em movimento as forças que representam os interesses das elites econômicas e do conservadorismo com forte capilaridade popular. A direita amplia a presença de seus militantes e intelectuais  orgânicos no chão das periferias brasileiras, nos  centros urbanos, nos aldeamentos e quilombos. 




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Faz-se necessário se posicionar sobre qual perspectiva de política pública para cultura  se alinha  aos  interesses da classe trabalhadora

No âmbito dos movimentos sociais, da gestão e do parlamento é preciso criar uma frente de unidade que congregue as diversas forças democráticas e populares,  reforce a necessidade de unificar os movimentos identitários em torno de um projeto civilizatório de nação e que ao mesmo tempo garanta a autonomia, identidade e peculiaridades destes movimentos.


A política pública para cultura não deve ser percebida neutra e desvinculada dos interesses ideológicos, pelo contrário esses são elementos centrais para repensar um projeto civilizatório para a cultura que se  vincule à construção de um novo tipo de sociedade baseada na democracia radical da produção simbólica e  da economia para partilha da justiça social e da solidariedade humana. 


A cultura deve estar no centro do debate e da ação política, como política de estado estruturante e compreendida pelo seu caráter transversal. A gestão da política cultural não pode ser uma caixa fechada, resumida exclusivamente ao Ministério, às secretarias estaduais e às municipais de cultura.  A gestão da cultura deve ser estruturada numa dimensão intersetorial para se criar uma nova cultura política e reposicionar novos agentes políticos comprometidos com a classe trabalhadora. As escolas públicas,  por exemplo  devem ser compreendidas como principais equipamentos de difusão cultural do país. Investir na arquitetura das escolas para abarcar espaços de circulação e fruição estética e garantir que os professores e professoras  das áreas de linguagens artísticas tenham formação na área é subverter a ordem posta na maioria das escolas brasileiras. 


É preciso também sair do discurso do popular para classe trabalhadora, isso é um risco que  pode negar a ciência e reduzir o acesso da produção historicamente produzida pela humanidade para as camadas populares. A produção erudita negada à classe trabalhadora deve se tornar  popular para conjunto da sociedade.  O Popular não deve ser negado, mas servir  como ponto de partida para ampliar a visão social de mundo e apropriação da ciência,  da qual fomos excluídos, explorados e oprimidos.



Recursos públicos


A descentralização de recursos públicos deve fomentar novas culturas políticas de articulação em rede, ampliação da acessibilidade e desmontagem  do caráter excludente e elitizada dos circuitos das artes, fomentar novos   repertórios e a luta pelo direito à cidade,  reposicionar  político e socialmente e  atentar para reparação histórica à classe trabalhadora. 


A política de editais ainda carrega uma lógica excludente e  ligada a uma visão de mercado. Os recursos ainda se concentram nas mãos de poucos  e  fortalecem um circuito restrito baseado “de artista para artista”. 


A defesa da Política Nacional do Cultura Viva continua na ordem do dia. O Cultura Viva que ficou conhecido pelos Pontos de Cultura precisa ser fortalecido e entrar no centro do debate político como política pública e movimento (duas questões distintas  que se entrelaçam) marcada por uma perspectiva política de radicalização da democracia cultural e por conseguinte de descentralização de recursos para classe trabalhadora produzir e sobreviver. 


Os trabalhadores e trabalhadoras da cultura representam  é outra questão que tem ganhado força no debate das políticas públicas. Está na hora de lutar por uma legislação que  garanta a seguridade e proteção social para esse segmento da sociedade. 


Reconstruir uma política nacional passa por consolidar o Sistema Nacional de Cultura em conjunto com os estados e municípios e garantir um   percentual mínimo de recursos de forma permanente  para execução dos  planos de cultura, nas  esferas municipais, estaduais e federal.


Outra cultura política é possível e a classe trabalhadora que lute! 


 

Alexandre Lucas, é pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/Ceará.


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil




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