Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Tudo pronto, na Alerj, para o impeachment de Wilson Witzel

Ao longo da semana passada, Ceciliano já havia sinalizado para a abertura do processo. Há, até agora, 11 pedidos de impedimento do governador. Witzel conta com apenas quatro aliados, no conjunto de 70 parlamentares da Casa, todos do PSC.

Quarta, 10 de Junho de 2020 às 12:22, por: CdB

Ao longo da semana passada, Ceciliano já havia sinalizado para a abertura do processo. Há, até agora, 11 pedidos de impedimento do governador. Witzel conta com apenas quatro aliados, no conjunto de 70 parlamentares da Casa, todos do PSC.

Por Redação - do Rio de Janeiro

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) iniciou, nesta quarta-feira, os trâmites para a votação do pedido de impedimento ao governador Wilson Witzel (PSC), por crime de responsabilidade. O presidente da casa legislativa, André Ceciliano (PT), pautou a abertura do processo e convocou os deputados estaduais para o início do rito, previsto na Constituição e, levado a voto, Witzel perdeu por unanimidade, com 69 dos 70 votos possíveis favoráveis à cassação de seu mandato.

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Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, é alvo de um pesado processo de impedimento, na Alerj

Ao longo da semana passada, Ceciliano já havia sinalizado para a abertura do processo. Há, até agora, 11 pedidos de impedimento do governador. Witzel conta com apenas quatro aliados, no conjunto de 70 parlamentares da Casa, todos do PSC. Segundo a CNN, 26 fazem oposição formal ao mandatário, o que incluiria partidos de esquerda e bolsonaristas.

Diálogo

A situação de Witzel tornou-se insustentável após o início das investigações da Polícia Federal (PF) sobre desvios de recursos que seriam destinados ao combate da pandemia. O vice-governador, Cláudio Castro (PSC), segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, é um dos principais adversários do titular.

Na tentativa de se segurar no cargo, Witzel chegou a apelar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na semana passada, numa tentativa de retomar o diálogo perdido ao longo dos últimos meses, quando Witzel migrou para a oposição. Após a reviravolta nas investigações sobre corrupção, no entanto, o governador abaixou o tom das críticas a Bolsonaro.

Apenas duas semanas depois de afirmar que os mandados de busca e apreensão em sua casa eram uma “interferência” do presidente nos trabalhos da PF, Witzel tentou reduzir o ruído na comunicação com o Palácio do Planalto.

Em entrevista, na véspera, a uma rádio paulistana, Witzel revelou que havia encaminhado um pedido para ser recebido por Bolsonaro. O objetivo da visita seria para “retomar o diálogo” e debater questões como o Regime de Recuperação Fiscal.

Chance zero

Nesta quarta-feira, porém, segundo interlocutores do presidente próximos ao assunto disseram ao CdB, ficou claro que a aproximação seria “praticamente impossível”. Bolsonaro ainda acredita que Witzel mobilizou as forças policiais do Estado para investigar a participação de sua família no esquema de milícias, que aflige os moradores de comunidades na Zona Oeste da Cidade.

Na entrevista à rádio, Witzel tentou descolar o nome de Bolsonaro do suposto aparelhamento da PF, usado para o “assassinato de reputação”, afirmando que a prática teve início ainda nos governos PT.

— É uma prática que vem acontecendo há muito tempo, o uso político da própria instituição para se fortalecer e ganhar força depois. Não estou dizendo que todos na instituição façam isso. Não houve cuidado de se fazer investigação mais aprofundada — afirmou.

Ecos da PF

Witzel disse isso para, em seguida, manifestar o desejo de ser recebido por Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

— Tenho minhas diferenças com o presidente e continuo tendo. Mas sempre foram críticas para ajudar nosso desenvolvimento econômico. Espero que o presidente possa retomar diálogo comigo, pois isso é bom para o Rio e para o Brasil. (…) Espero que o presidente possa me receber para que a gente converse e possa encontrar soluções — diz ele.

O principal ponto de discórdia, no entanto, permanece sendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente que, segundo Witzel, “deveria estar preso”. A declaração do governador, na porta do Palácio Laranjeiras, horas depois de ter seus endereços revirados e o celular apreendido pela PF, ecoa até agora junto à família Bolsonaro.

Matéria atualizada às 19h36 de 10 de junho de 2020.
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