
De acordo com dados oficiais, mais de 400 mil imigrantes sem papéis já foram expulsos, entre eles mais de dois mil brasileiros. Outros, num total de um milhão e seiscentos mil chamados de ilegais, preferiram sair voluntariamente, alguns recebendo uma ajuda de custo.
De acordo Jonathan Nez, ex-presidente dos Navajos do Arizona,numa reportagem do Le Temps, jornal suíço, muitos indígenas mais velhos têm medo de sair do território da reserva e serem apanhados pelo ICE, pois não têm nenhum documento, nasceram em casa e ficaram sem uma certidão de nascimento.
Como aconteceu no Brasil, os indígenas foram dizimados ou transferidos para outras regiões menos produtivas pelo colonizadores. Foi assim com os Cherokees, removidos para o Oeste pelo Indian Removal Act de 1830. Seguido do Indian Appropriation Act.
Enquanto no Brasil são missões religiosas norte-americanas encarregadas da assimilação dos indígenas da Amazônia, houve nos EUA uma assimilação forçada de crianças ameríndias em pensionatos, onde eram proibidas sua língua, religião e sua cultura.
Donald Trump, no seu retorno à presidência, justamente no primeiro dia, revogou a cidadania norte-americana por nascimento. Esse decreto visa também os ameríndios que só tiveram direito a um passaporte em 1924. Trump cortou também subvenções à cultura, escolas e universidade para ameríndios e anulou investimentos em infra estruturas e energias limpas nas reservas, muitas delas ainda sem eletricidade. Está programado o fim dos serviços médicos gratuitos nas reservas com sua privatização.
E assim chegamos ao livro Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, de Dee Brown,1970, traduzido pelo conhecido jornalista do Estadão, JT, Veja, Geraldo Galvão Ferraz, o Kiko, trazido à atualidade pelo Eduardo Bueno, também jornalista, tradutor e influencer. (o link abaixo dá acesso à íntegra do livro).
Dee Brown -Enterrem meu coração…
https://blogdorosuca.wordpress.com/wp-content/uploads/2012/02/dee-brown-enterrem-meu-corac3a7c3a3o-na-curva-do-rio.pdf
Eduardo Bueno e os colonizadores
https://www.youtube.com/watch?v=yRTxCZN9u0o
Rui Martins – Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.