Rio de Janeiro, 05 de Novembro de 2024

Temas ausentes na disputa municipal 

Arquivado em:
Sexta, 01 de Novembro de 2024 às 09:15, por: CdB

“Seja a emergente questão ambiental, sejam alternativas de desenvolvimento econômico no território da cidade e tantos outros temas correlatos”.

Por Luciano Siqueira – de Brasília

As urnas do segundo turno mal se fecharam e já nos deparamos com comentários de toda ordem, a título de análise, na grande mídia e em inúmeros sites e blogs. 

tse.png
As urnas do segundo turno mal se fecharam e já nos deparamos com comentários de toda ordem

Uma queixa predomina: a ausência de debate em torno de problemas estruturais de nossas cidades. 

Seja a emergente questão ambiental, sejam alternativas de desenvolvimento econômico no território da cidade e tantos outros temas correlatos. 

Em muitos casos o rebaixamento do debate se deu essencialmente por opção tática eleitoral capitaneada por candidatos que pontificavam à frente nas pesquisas.

Ou mesmo por incompetência dos seus oponentes.

Esse dado de realidade parece sinalizar para a fragilidade da discussão de temas estruturais no âmbito mesmo dos partidos políticos. 

Das mais de 30 agremiações credenciadas no TSE, pouquíssimas são aquelas que podemos classificar como “programáticas”.

A maioria se constitui como legenda legalmente apta a acolher candidaturas, quase que independentemente do pensamento político dos pretendentes. 

A minoria que se pauta por programas e, portanto, atenta a questões de fundo da sociedade brasileira, provavelmente esteja atrasada em suas análises em relação ao tempo presente e na busca de alternativas para um futuro mediato e no horizonte estratégico. 

Concepções programáticas

Essa limitação é crucial no que diz respeito aos partidos situados à esquerda. É preciso atualizar a compreensão da realidade presente no mundo e no Brasil e, assim, lastrear atualizações em suas concepções programáticas. 

Esse lastro, ainda que nem sempre visível pelo grande público, faz-se indispensável para a retomada do trabalho político de base, que arrefeceu muito nos últimos tempos em partidos como o PT e o PCdoB, por exemplo.

Será um equívoco terrível supor que a comunicação digital, feita com certo grau de competência técnica, pode dar conta por si mesma da abordagem política da população. 

Que a amplia e lhe dá ressonância, é verdade. Porém jamais suprirá o distanciamento da militância organizada em relação ao cotidiano da vida do povo. 

Esta é uma questão decisiva no tempo presente para as forças políticas empenhadas na transformação da sociedade brasileira. Comporta aspectos vários, tanto de natureza teórica e política estrutural, como avaliações conjunturais precisas e com competente consequência tática imediata.

 

Luciano Siqueira, é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo