Tribunal considera determinação do premiê "sem efeito", em dura derrota para política de Brexit do governo do Reino Unido. Corte diz que medida visa somente limitar a funções parlamentares, "sem justificativa razoável".
Por Redação, com DW - de Londres
A Suprema Corte do Reino Unido definiu nesta terça-feira, por unanimidade, como "ilegal" a decisão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de suspender o Parlamento semanas antes da data prevista para o Brexit. O tribunal classificou a medida como "nula e sem efeito". – A decisão de aconselhar Sua Majestade a suspender o Parlamento foi ilegal, pois teve o efeito de frustrar ou impedir a capacidade do Parlamento de prosseguir suas funções constitucionais, sem justificativa razoável – afirmou Brenda Hale, presidente da Suprema Corte. Cabe aos próprios legisladores decidir quando voltam a se reunir, ressaltou. A decisão, apoiada pelos 11 juízes da Corte, é uma derrota dura para o governo britânico e pode dar aos deputados – cuja maioria se opõe a um Brexit sem acordo, como proposto por Johnson – mais uma oportunidade de impedir a estratégia do premiê. O presidente da Câmara dos Comuns, câmara baixa do Parlamento britânico, John Bercow, elogiou a decisão da Corte Suprema e declarou que o deputados devem voltar a se "reunir sem demora", e que consultará as lideranças dos partidos políticos a esse respeito "em regime de urgência". Segundo alguns parlamentares, inclusive os expulsos por Johnson do Partido Conservador por se rebelarem contra seus planos de Brexit, o premiê deve renunciar se for determinado que ele enganou a rainha. A decisão da Suprema Corte confirmou a determinação pronunciada há duas semanas pela mais alta corte de apelação da Escócia, que considerou ilegal a suspensão do Parlamento do Reino Unido. Os três juízes que compõem o tribunal haviam revogado uma decisão anterior, proferida no início de setembro, determinando que o fechamento estava em conformidade com a lei. A decisão é resultado de uma ação judicial assinada por mais de 70 deputados britânicos, para quem a decisão de Boris Johnson de suspender o Parlamento por cinco semanas é ilegal e viola a Constituição, pois visaria apenas limitar o debate e a ação parlamentar com relação ao Brexit.