O projeto SällBo na cidade sueca de Helsingborg visa combater a solidão na velhice e integrar antigas crianças refugiadas ao torná-los vizinhos no mesmo edifício.
Por Redação, com DW - de Estocolmo
A primeira futura vizinha sueca que jovens imigrantes conheceram foi Kristin Ohman.
— Eles estavam parados sozinhos, então fui recebê-los com flores. Eles pareciam meio tímidos, mas eram todos muito positivos — conta a senhora de 74 anos ao se lembrar da reunião com os novos 70 moradores do seu novo prédio.
O projeto SällBo na cidade sueca de Helsingborg visa combater a solidão na velhice e integrar antigas crianças refugiadas ao torná-los vizinhos no mesmo edifício. No local, há 31 apartamentos disponibilizados para aposentados e 20 para jovens entre 18 e 25 anos, sendo dez deles reservados a imigrantes que entraram na Suécia como menores requerentes de asilo desacompanhados.
O nome do projeto combina a palavra sällskap, que significa companhia ou intimidade, com bo, que significa viver. Ajudados por um coordenador social, que também é morador, os habitantes do prédio se comprometem, por contrato, a participar juntos de atividades sociais por pelo menos duas horas por semana.
— Esse projeto não é somente o primeiro da Suécia. A nossa constelação é única no mundo — diz Dragana Curovic, especialista integração na Helsingborgshem, a empresa pública de moradia da cidade.
Isolados
Construído em 1960 como lar para idosos, o prédio se tornou a maior instalação habitacional para menores requerentes de asilo que chegaram desacompanhados na Suécia no auge da crise migratória de 2015. Dois anos depois, surgiu a ideia de utilizar o local para um projeto de integração.
Inicialmente, Curovic e sua colega pretendiam transformar dois andares inferiores em moradias assistidas para idosos e deixar os outros andares para jovens imigrantes. No final, as especialistas decidiram misturar os grupos.
— Pensamos, ok temos essa casa e essas necessidades. Sabemos que existem muitos solitários. Por que não fazermos um projeto de integração, onde há diferentes tipos de pessoas? — questionou.
Curovic acredita que idosos podem se sentir isolados mesmo se encontrem com frequência outros aposentados.
— Eles se sentem facilmente excluídos das suas comunidades porque a maioria das informações que recebem vem de outras pessoas de sua mesma idade ou da imprensa. A solidão não é só ficar sentado em casa sozinho — concluiu.