Por Redação, com sucursal – de Brasília, com Vitória Carvalho

O Correio do Brasil entrevistou Márcio Pochmann, nesta última sexta-feira (14/2), presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para discutir os desafios da soberania de dados no Brasil. Pochmann ressaltou a importância de garantir que as informações geradas no país sejam controladas e utilizadas estrategicamente pelo próprio Estado brasileiro, reduzindo a dependência de empresas estrangeiras.
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“O IBGE é a maior instituição de pesquisa pública do Brasil e responde por quase sessenta por cento da história estatística do país. No século XIX, a soberania era vista como um aspecto político. No início do século XX, passou a englobar a soberania econômica. Agora, no século XXI, enfrentamos o desafio da soberania digital e dos dados”, afirmou.
Pochmann destacou como a era digital transformou as informações em um ativo valioso, atualmente controlado por grandes empresas internacionais. Segundo ele, a gestão e o armazenamento de dados são hoje aspectos fundamentais para a autonomia de um país.
“As grandes corporações têm mais informações sobre os brasileiros do que o próprio governo. Essas empresas capturam dados sobre nossas decisões de compra, deslocamentos, preferências e opiniões, influenciando diversos setores. O IBGE busca fortalecer um sistema nacional de estatística e geociência para garantir que essas informações fiquem sob controle nacional”, explicou.
Políticas públicas
O presidente do IBGE também ressaltou o impacto direto das estatísticas na formulação de políticas públicas.
“O planejamento educacional, por exemplo, depende da projeção da população jovem nos próximos anos. O mesmo vale para a saúde, que precisa prever quais tipos de doenças serão mais comuns conforme o envelhecimento da população. O IBGE fornece essas informações para que o governo possa tomar decisões baseadas em dados concretos” pontuou.
Com um trabalho histórico na coleta de dados do país, o IBGE busca evoluir para acompanhar as transformações tecnológicas e garantir que o Brasil tenha controle sobre suas próprias informações, promovendo desenvolvimento e soberania digital.