Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Síndrome de Burnout: quando o esgotamento profissional vira doença

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Segunda, 19 de Novembro de 2018 às 08:09, por: CdB

A Síndrome de Burnout se trata de um esgotamento físico e mental intenso, com causas ligadas diretamente à vida profissional. É como se os estados físico e mental se rendessem à exaustão, entrando em colapso.

Por Redação, com ACS - de Brasília

Trabalhar constantemente em ritmo de estresse excessivo, com pressão psicológica e muitas responsabilidades faz parte da sua rotina? Se sim, tenha cuidado. Uma vida profissional desgastante e sobrecarregada pode evoluir para problemas psicológicos, como a Síndrome de Burnout.
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A Síndrome de Burnout se trata de um esgotamento físico e mental intenso, com causas ligadas diretamente à vida profissional
O termo “burnout" vem do inglês e significa literalmente "esgotamento". A Síndrome de Burnout se trata de um esgotamento físico e mental intenso, com causas ligadas diretamente à vida profissional. É como se os estados físico e mental se rendessem à exaustão, entrando em colapso. Fernanda Benquerer, médica psiquiatra da Diretoria de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica que o diagnóstico da doença acontece, principalmente, identificando três características. “São três aspectos principais que devem ser observados: esgotamento emocional, distanciamento afetivo e perda de sentido de realização profissional. Normalmente, os profissionais de saúde são os mais afetados pela Síndrome de Burnout, mas outras profissões também estão bastante suscetíveis a ter esse tipo de doença, como profissionais de comunicação e professores. Porém, vale lembrar que qualquer profissional pode apresentar esse tipo de doença”, esclarece.

Chegando ao limite

Wilbert Acioli, 29 anos, é um dos profissionais que teve sua vida completamente modificada pela Síndrome de Burnout. As mudanças foram surgindo com o tempo e afetaram a vida dele em todos os aspectos. – Minha cabeça não descansava e eu pensava em trabalho o dia todo. Eu tinha acúmulo de funções e não aguentava mais a rotina. Aumentei muito o consumo de bebidas alcoólicas. Precisava beber para conseguir dormir. Era como se o álcool servisse para anestesiar aquela realidade – lembra. Contudo, isso só piorou a situação. Wilbert começou a perceber que o que estava acontecendo não era uma situação normal, mas só se deu conta da gravidade quando foi parar no hospital. “Um dia, voltando para casa do trabalho, comecei a ter sintomas de ansiedade e pensei que estava tendo um infarto. Quando cheguei no atendimento, escutei do médico que possivelmente eu estava com a Síndrome de Burnout. Até aquele momento, eu nunca tinha ouvido falar na doença, mas me identifiquei muito com o que ele me explicou sobre a síndrome”, relata. Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda. Depois do período de descanso indicado pelos médicos, Wilbert retornou ao trabalho de consultor de viagens. Contudo, não conseguia mais viver naquela rotina. “Eu avisei aos meus diretores que não aguentava mais e eles decidiram me dar férias. Mas eu não conseguia me desligar daquilo. Lembro que quando eu estava trabalhando, meu único momento de tranquilidade era na sexta à noite, depois do trabalho. Mas, no sábado pela manhã eu já me preocupava com o trabalho novamente. Não conseguia me desligar daquilo de nenhuma forma, nem mesmo nas férias. Então, eu pedi demissão e a empresa acabou me demitindo, para facilitar o processo”, explica.

Tratamento

Ter apoio profissional foi fundamental para o sucesso no tratamento de Wilbert. “Quando cheguei ao psicólogo, ele me explicou melhor sobre a síndrome e me disse que se eu continuasse forçando a barra poderia começar a ter pensamentos suicidas. Na realidade, eu já tinha tido pensamentos assim, a vontade era acabar com a dor. Com ajuda dele, eu consegui encontrar um trabalho que pudesse me dar felicidade e tranquilidade. Hoje eu trabalho como coach e direcionei minha vida para ajudar as pessoas, inclusive, para evitar que passem pelo o que eu passei”, celebra. Fernanda Benquerer, explica que o tratamento da Síndrome de Burnout é feito sobretudo com psicoterapia e medicação para os sintomas. “O tratamento é realizado de acordo com o que a pessoa está sentindo no momento, o que pode variar muito. Normalmente, são utilizados medicamentos para tratar a ansiedade, depressão e insônia, quando é necessário. Além disso, o acompanhamento com um psicólogo é essencial”, esclarece. O tratamento para problemas relacionados a transtornos mentais é oferecido de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Basta procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pelo primeiro atendimento ao paciente, e o caso será encaminhado aos centros especializados para cada tipo de atendimento. Saiba mais: Saúde mental: o que é, doenças, tratamentos e direitos Por fim, Wilbert deixa uma mensagem para todos que acreditem estar sofrendo com a doença. "Não force a barra, Burnout é coisa séria. Você não é o que pensa ser neste momento complexo, apenas porque se tornou improdutivo ou tudo parece mais difícil de ser feito. A Síndrome de Burnout te torna assim. Procure um especialista", aconselha.

Como prevenir a Síndrome de Burnout?

A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout são estratégicas que dimunuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início. Sete dicas para prevenir a Síndrome de Burnout são: Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal. Participe de atividades de lazer com amigos e familiares. Faça atividades que "fujam" à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema. Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo. Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc. Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental. Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
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