O servidor Alexandre Marques prestou depoimento no último dia 28 à comissão constituída no Tribunal para investigar sua conduta por meio de um processo disciplinar aberto pelo TCU. O depoimento, que durou precisos 43 minutos, foi compartilhado com a CPI da Covid no Senado.
Por Redação - de Brasília
O documento com informações falsas sobre o número de mortos por covid-19, divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como se fosse um relatório oficial do Tribunal de Contas da União (TCU), foi manipulado depois de ter chegado às mãos do mandatário. A denúncia é do auditor do TCU Alexandre Figueiredo Costa Marques, autor do documento original.
Marques prestou depoimento no último dia 28 à comissão constituída no Tribunal para investigar sua conduta por meio de um processo disciplinar aberto pelo TCU. O depoimento, que durou precisos 43 minutos, foi compartilhado com a CPI da Covid no Senado. Diante da gravidade do que fora ali exposto, os senadores decidiram ouvir o auditor, nesta terça-feira. A reportagem do Correio do Brasil teve acesso ao documento.
Em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, no início de junho, Bolsonaro afirmou que tinha em mãos uma prova a qual atestaria que metade dos registros de mortes pela infecção não teriam ocorrido em decorrência da covid-19 e atribuiu ao TCU a origem da informação.
Pandemia
Segundo Bolsonaro, haveria supernotificação de casos e citou o relatório, distribuído à larga pelas publicações alinhadas ao Palácio do Planalto e nas redes bolsonaristas. O documento, no entanto, era falso. O presidente foi desmentido pelo TCU, em nota divulgada no mesmo dia. Perto de 570 mil brasileiros já morreram por covid-19 desde o início da pandemia.
Após ser desmentido, Bolsonaro recuou sobre as afirmações feitas em relação ao relatório. Mas, sem nenhuma prova, seguiu dizendo existir uma fabricação de registros das mortes por Covid.
De fato, um relatório foi de fato elaborado pelo servidor do Tribunal, mas sem se constituir documento oficial do TCU. O auditor Marques elaborou e o compartilhou com seu pai, o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques. O coronel e Bolsonaro estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).