Segundo o FSB, a explosão foi planejada pela inteligência militar ucraniana e por seu diretor, Cirilo Budanov. A bomba teria sido transportada da Ucrânia para a Rússia através da Bulgária, da Geórgia e da Armênia. O órgão afirmou ainda que preveniu outros ataques em Moscou e na cidade de Briansk, no oeste do país.
Por Redação, com agências internacionais - de Moscou
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) afirmou nesta quarta-feira que deteve oito pessoas pela destruição da ponte que ligava a Rússia à península da Crimeia, no sábado passado. Segundo a agência de inteligência, principal herdeira da KGB soviética, cinco cidadãos russos e três da Ucrânia e da Armênia foram presos.
Segundo o FSB, a explosão foi planejada pela inteligência militar ucraniana e por seu diretor, Cirilo Budanov. A bomba teria sido transportada da Ucrânia para a Rússia através da Bulgária, da Geórgia e da Armênia. O órgão afirmou ainda que preveniu outros ataques em Moscou e na cidade de Briansk, no oeste do país.
As descobertas foram minimizadas pela Ucrânia. Em entrevista à emissora pública Suspilne, o porta-voz do Ministério do Interior, Andrii Iusov, qualificou as alegações de absurdas, e disse que tanto o FSB quanto a comissão criada para apurar as causas da explosão são "estruturas falsas que servem ao regime de (Vladimir) Putin”.
Trânsito
Até agora, a Ucrânia não reivindicou a autoria da ação, mas diversas autoridades desfilaram satisfação ao postar a imagem da ponte em chamas nas redes sociais. O chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Oleksii Danilov, publicou por exemplo um vídeo do incidente ao lado de outro de Marilyn Monroe cantando "feliz aniversário, senhor presidente" —Putin havia completado 70 anos na véspera.
A explosão destruiu uma parte da rodovia, interrompendo o trânsito temporariamente. Também provocou um incêndio em sete tanques de um trem que transportava combustível. Ao menos três pessoas, que estariam em um carro ao lado do veículo, morreram.
A estrutura sobre o estreito de Kertch é considerada uma rota crucial de abastecimento para as tropas de Putin no país invadido. A ponte havia sido inaugurada em 2018, quatro anos depois da anexação da Crimeia pela Rússia, e representava um símbolo da união entre os dois territórios. Putin esteve presente na pomposa inauguração e definiu a conexão sobre a faixa d'água, que separa os mares Negro e de Azov, como um milagre.
Infraestrutura
As forças russas contra-atacaram dias depois da explosão, no mais amplo bombardeio a cidades da Ucrânia desde o início da guerra. Na segunda, ao menos 84 mísseis atingiram alvos em 12 regiões e nos 11 principais centros urbanos do país, como Kiev, Kharkiv e Lviv, de acordo com o Exército ucraniano. A capital registrou ao menos quatro explosões, e 19 pessoas morreram. Na terça, bombardeios em Zaporíjia, região ocupada pelos russos no sul, mataram outras sete pessoas e danificaram mais infraestrutura civil.
Procuradores da Justiça Móvel Internacional —iniciativa que auxilia o governo ucraniano a apurar infrações de direitos humanos e outros—, investigam se os ataques configuram crimes de guerra, e visitaram a capital para avaliar os danos. A Rússia nega reiteradamente ter civis como alvos.
O Kremlin voltou a criticar as duas organizações nesta quarta, acusando o Ocidente de escalar o conflito ao apoiar as forças ucranianas. Para Moscou, o G7 deve responsabilizar Kiev pelos crimes que cometeu —um eco da guerra de versões que caracteriza o conflito— e não restaram dúvidas de que a Otan luta ao lado de Zelenski depois de uma declaração do secretário-geral da aliança, o norueguês Jens Stoltenberg, de que uma vitória russa seria "uma perda para todos nós".