Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), Raphael Montenegro e dois subsecretários, Wellington Nunes da Silva e Sandro Farias Gimenes, teriam negociado acordos com chefes do Comando Vermelho em troca de “influência sobre os locais de domínio destes traficantes e outras vantagens ilícitas.”
Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro
O secretário de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro, Raphael Montenegro, preso nesta terça-feira por suposta negociação de acordos com a facção Comando Vermelho, é enteado do ex-relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF-II), o desembargador aposentado Abel Fernandes Gomes.
Gomes trabalhou por 28 anos como juiz e desembargador até se aposentar, em 1º de junho deste ano, a pedido. Entre os colegas, tinha fama de “linha dura”.
Como relator da Lava Jato, participou de julgamentos de grande repercussão, como os do ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB-RJ) e dos deputados Jorge Picciani (MDB-RJ), Paulo Melo (MDB-RJ) e Edson Albertassi (MDB-RJ), todos foram condenados em segunda instância.
A mãe de Raphael também é desembargadora no Estado, desde 2009. Jacqueline Lima Montenegro ingressou na magistratura em 1993, atua no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e possui assento efetivo na 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
A suspeita
Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), Raphael Montenegro e dois subsecretários, Wellington Nunes da Silva e Sandro Farias Gimenes, teriam negociado acordos com chefes do Comando Vermelho em troca de “influência sobre os locais de domínio destes traficantes e outras vantagens ilícitas.”
Entre as condições do acordo, estariam o retorno de presos do Paraná ao Rio de Janeiro, a entrada de pessoas e itens em presídios do estado e a soltura de um dos chefes da facção. Wilton Carlos Rabello Quintanilha, apelidado de Abelha, foi solto a pedido da Seap no último dia 27, após consultar o TJRJ e receber a informação de que não haveria mandado contra o suspeito.
Nesta terça, a PF chamou atenção para o fato de Abelha ser “um criminoso de altíssima periculosidade, contra quem havia mandados de prisão pendentes.”
De acordo com a Seap, o erro estaria no sistema do TJRJ, que não havia atualizado um pedido de prisão preventiva aceito no dia 15 de julho.
Raphael Montenegro foi nomeado secretário no fim de janeiro pelo governador Cláudio Castro (PL).
A operação da PF nesta manhã, intitulada Simonia, ocorreu em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e o Departamento Penitenciário Federal (Depen).
A reportagem tenta contato com a defesa de Raphael Montenegro e dos dois subordinados, que também foram presos. O texto será atualizado assim que houver retorno.