Rio de Janeiro, 12 de Janeiro de 2025

Saída de Múcio, na Defesa, apressa reforma ministerial de Lula

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Segunda, 06 de Janeiro de 2025 às 19:55, por: CdB

Na sua última reunião a portas fechadas com o presidente, em meados de dezembro, Múcio reiterou seu desejo de passar o bastão, mas Lula foi enfático ao solicitar sua permanência por, no mínimo, mais três meses, tendo em vista o horizonte político.

Por Redação – de Brasília

Ministro da Defesa, o recifense José Múcio Monteiro não vê a hora de voltar para casa. Embora tenha recebido apelos de seus pares e até do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para permanecer à frente da pasta por mais tempo, o político nordestino conhecido por seu poder de negociação está mesmo disposto a se afastar do cenário brasiliense.

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Ministro da Defesa, o pernambucano José Múcio não vê a hora de voltar para casa

Na sua última reunião a portas fechadas com o presidente, em meados de dezembro, Múcio reiterou seu desejo de passar o bastão, mas Lula foi enfático ao solicitar sua permanência por, no mínimo, mais três meses, tendo em vista o horizonte político. O ministro, porém, ainda quer negociar esse tempo de permanência, segundo apurou a mídia conservadora.

Fontes próximas ao ministro avaliam que a decisão de Múcio de deixar o cargo é firme e sua intenção é não ficar mais do que o tempo pedido por Lula no comando da Defesa. O presidente, no entanto, ainda busca um nome com habilidade para intermediar a relação delicada entre o governo e as Forças Armadas.

 

Tensões

Na cúpula tanto do Exército quanto da Marinha e da Aeronáutica, o trânsito de Múcio é leve. O ministro é visto como a melhor escolha para a função, dado seu histórico de diálogo e capacidade de mediar as tensões que existem entre os setores militares e o governo. O fato, contudo, tem sido insuficiente para dissuadir o ministro de sua decisão.

Ao longo dos últimos dois anos, Múcio enfrentou com maestria os desafios que surgiram, a exemplo do vídeo da Marinha divulgado no início de dezembro, que criticava o pacote de ajuste fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda, que incluía mudanças na aposentadoria dos militares. Para minimizar a tensão, o ministro agiu rapidamente, organizando uma conversa entre o presidente Lula e o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para acalmar os ânimos.

Múcio tem pela frente, nas próximas horas, a missão de equilibrar os pratos da caserna, de um lado, e de outro a sociedade civil, que convocou um ato para marcar os dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

 

Alterações

Múcio, no entanto, não será o único a deixar o cargo na Esplanada dos Ministérios. Com o início do novo ano, o presidente Lula tende a intensificar as conversas com ministros e aliados em torno da reforma ministerial. A primeira mudança está prevista para ocorrer ainda neste mês, com a troca no comando da Secretaria de Comunicação da Presidência.

Assessores próximos ao presidente já apontam como favas contadas a saída de Paulo Pimenta para a chegada de Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula em 2022. Palmeira tem sido visto cada vez mais presente, ao lado de Lula, enquanto Pimenta resume sua atuação às questões práticas, no dia a dia da Secom. Ele pode voltar à Câmara, como líder do Governo, mas ainda há a possibilidade da mudança na Secretaria-Geral da Presidência, comandada hoje pelo ministro Marcio Macedo.

O presidente, no entanto, quer encontrar uma função para Macedo se o tirar do cargo. No final do ano, tanto Pimenta quanto Macedo disseram estar à disposição do presidente. Em café com jornalistas, Macedo afirmou que defenderá Lula no cargo que vier a ocupar.

— Ele é meu líder, é minha referência política, e isso é muito bem resolvido — concluiu Macedo.

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