A Rússia já havia advertido que não deixaria sem resposta a entrada da Finlândia na Otan, o que representa uma nova escalada nas relações com a Aliança Atlântica.
Por Redação, com EFE e Reuters - de Moscou
A Rússia tomará medidas para reequilibrar seu sistema de segurança após a adesão da Finlândia à Otan, segundo anunciou nesta quarta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
– Isso nos obriga a tomar as medidas necessárias para reequilibrar o sistema de segurança – disse Peskov em resposta a uma pergunta de jornalistas.
O porta-voz do Kremlin acrescentou que a resposta da Rússia não será necessariamente imediata, pois é um processo que requer “certo tempo”.
– Não é algo pontual, é um processo prolongado ao longo do tempo – frisou.
Peskov também reiterou que Moscou “fará de tudo” para garantir sua segurança.
Na véspera, a Rússia já havia advertido que não deixaria sem resposta a entrada da Finlândia na Otan, o que representa uma nova escalada nas relações com a Aliança Atlântica.
Segundo o Kremlin, a expansão da Otan ameaça a segurança e os interesses da Rússia.
Por isso, Moscou tomará as medidas necessárias para garantir sua segurança no nível “tático e estratégico”, antecipou ontem Peskov.
Presidente da Ucrânia visita Polônia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou a Polônia nesta quarta-feira, após o mais recente anúncio de ajuda militar dos Estados Unidos e no momento em que as tropas russas mantêm esforços na batalha para tomar a cidade oriental de Bakhmut.
Zelensky planeja agradecer a seus aliados poloneses, que têm fornecido armas vitais para a Ucrânia desde a invasão da Rússia e acolheram milhões de refugiados ucranianos.
Enquanto isso, o presidente francês, Emmanuel Macron, estava visitando a China depois que ele e o presidente dos EUA, Joe Biden, concordaram que tentariam envolver Pequim para acelerar o fim do ataque russo à Ucrânia, que está em seu segundo ano. Pequim pediu um cessar-fogo abrangente e descreveu sua posição sobre o conflito como "imparcial".
Os EUA prometeram na terça-feira mais US$ 2,6 bilhões em assistência militar para o governo de Zelensky, incluindo três radares de vigilância aérea, foguetes antitanque e caminhões de combustível, levando a ajuda militar prometida do país à Ucrânia a mais de US$ 35 bilhões.
A embaixada de Moscou em Washington acusou os EUA de querer prolongar o conflito o máximo possível, segundo a agência de notícias russa TASS.
O Ocidente intensifica a ajuda enquanto as forças ucranianas se preparam para montar uma contraofensiva no leste diante das forças russas, embora não tenha sido divulgado exatamente quando isso pode começar.
A Espanha disse que seis tanques Leopard 2A4 que prometeu enviar para a Ucrânia deixarão o país na segunda quinzena de abril, mais tarde do que o planejado inicialmente. A Espanha também treinou 40 tripulantes de tanques e 15 mecânicos em uma base militar na cidade de Zaragoza, no nordeste do país.
Outros países da Otan, incluindo Alemanha, Polônia e Portugal, prometeram enviar um total de 48 tanques Leopards 2 para a Ucrânia.
O foco do campo de batalha permanece em Bakhmut, uma cidade de mineração e centro de transporte na periferia da província de Donetsk em grande parte sob controle russo. Ambos os lados sofreram pesadas baixas e grande parte da cidade foi reduzida a ruínas após meses de combates e bombardeios.
Perto da cidade de Niu-York, 50 quilômetros ao sul de Bakhmut, soldados ucranianos em abrigos lamacentos disseram repelir ataques russos diariamente.
– Eles se aproximam, atiram e tentam nos exaurir. Depois avaliam a situação e podem avançar um pouco mais – disse à agência inglesa de notícias Reuters o comandante da unidade de infantaria, pedindo para ser identificado como "Bodia".
– Enquanto isso, tentamos deixá-los se aproximar de nós para que possamos atingi-los com mais precisão.
Os comandantes militares ucranianos têm enfatizado a importância de manter Bakhmut e outras cidades e infligir perdas antes da contraofensiva prevista.
Estado-Maior ucraniano
O Estado-Maior ucraniano disse em um relatório: "Não houve trégua nas ações inimigas destinadas a invadir a cidade de Bakhmut. Pelo menos 20 ataques inimigos foram repelidos apenas aqui nas últimas 24 horas."
Mercenários do grupo russo Wagner, que lidera o ataque a Bakhmut, disseram no fim de semana que capturaram o centro da cidade, uma alegação rejeitada por Kiev.
O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, afirmou que os combatentes Wagner fizeram avanços em Bakhmut e provavelmente continuarão tentando consolidar o controle do centro da cidade e avançar para o oeste através de áreas urbanas densas.
À Reuters não pôde verificar os relatos do campo de batalha.