O grupo chamado de Opep+ também vai exigir que países como Nigéria e Iraque, que excederam suas cotas em maio e junho, compensem com cortes extras na produção de julho a setembro.
Por Redação, com Reuters - de Dubai, Londres e Moscou
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e aliados devem prorrogar neste sábado os cortes na produção de petróleo até o fim de julho, depois de os preços do barril terem dobrado nos últimos dois meses após a entidade ter decidido retirar quase 10% da oferta mundial do mercado.
De acordo com um esboço de declaração obtido pela agência inglesa de notícias Reuters, o grupo chamado de Opep+ também vai exigir que países como Nigéria e Iraque, que excederam suas cotas em maio e junho, compensem com cortes extras na produção de julho a setembro.
A OPEP+ fechou acordo em abril para reduzir a oferta de petróleo em 9,7 milhões de barris por dia durante maio e junho, em um esforço para aumentar os preços da commodity, que desabaram por conta da crise do coronavírus. Esses cortes devem cair para 7,7 milhões de barris por dia de julho a dezembro.
Produção
O barril do tipo Brent atingiu na sexta-feira maior preço em três meses, acima de 42 dólares, após chegar a custar menos de 20 dólares em abril. Mesmo assim, os preços ainda estão um terço abaixo daqueles observados no fim do ano passado.
— Apesar dos progressos feitos até agora, não podemos afrouxar a política por ela ter dado certo — disse o ministro de Energia da Argélia, Mohamed Arkab, atual presidente da OPEP, na abertura de reunião deste sábado.
O esboço do comunicado informa que um comitê de monitoramento do órgão se reunirá todo mês até dezembro para recomendar o nível adequado de cortes na produção. A próxima reunião será em 18 de junho.
Preços
Duas fontes da OPEP disseram que o grupo já concordou em uma extensão de um mês. Antes do encontro, fontes disseram que a Arábia Saudita considerava estender os cortes até dezembro.
Maior produtora mundial e líder de fato do grupo, a Arábia Saudita e a Rússia estão agindo para que os preços subam, mas não ultrapassem muito os US$ 50 por barril, para evitar dar competitividade ao petróleo de xisto norte-americano.
A acordo de abril foi feito em meio à pressão do presidente norte-americano, Donald Trump, que teme a quebra de empresas do setor de energia nos EUA e ameaçou retirar suas tropas de território saudita caso o preço não voltasse a subir. Ele conversou com líderes russos e da Arábia Saudita antes da reunião e afirmou estar contente com a elevação.
Níveis de cortes
Com as restrições do coronavírus caindo mundo afora, a demanda por petróleo deve exceder a oferta em julho, mas a OPEP ainda tem 1 bilhão de barris em estoque, acumulados desde março, para despejar no mercado e regular os preços.
O comitê ministerial de monitoramento da OPEC+, conhecido como JMMC, vai se reunir mensalmente até dezembro para avaliar as condições do mercado e recomendar níveis de cortes.
A próxima reunião do grupo foi marcada para 18 de junho e o próximo encontro da Opep e da Opep+ deve ocorrer entre 30 de novembro e 1 de dezembro.