Em meio à recente tensão com a Ucrânia, Moscou afirma que mais sistemas de mísseis antiaéreos serão alocados na península. Kremlin vem enviando equipamentos militares à região desde sua anexação, há quatro anos.
Por Redação, com DW - de Kiev
Uma distensão do conflito atual entre Rússia e Ucrânia não parece estar à vista. Moscou anunciou nesta quarta-feira que vai reforçar a defesa da Crimeia, enviando mais mísseis antiaéreos para a península. Vadim Astafyev, porta-voz do Ministério da Defesa no sul da Rússia, afirmou que um sistema de mísseis antiaéreos do tipo S-400 se somará aos outros três já enviados à Crimeia. O novo sistema deve estar pronto para operar até o fim do ano. O anúncio foi feito três dias depois de a Guarda Costeira disparar contra três embarcações ucranianas e capturá-las juntamente com sua tripulação no Estreito de Kerch, litoral da Península da Crimeia. Moscou argumenta que os navios ucranianos invadiram ilegalmente as águas territoriais russas e que as tripulações não obedeceram às ordens de parar. Kiev nega as acusações e declarou estado de exceção em partes do país após o incidente, afirmando temer uma invasão russa. Nesta quarta-feira, autoridades ucranianas divulgaram o que dizem ser a localização exata de suas embarcações no momento dos disparos russos, mostrando que elas estavam em águas internacionais. Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, os dois países vivem uma espécie de guerra não declarada, mas o enfrentamento do último fim de semana provocou temores de um grande conflito na região. Moscou vem enviando constantemente novos equipamentos militares à Crimeia desde a sua anexação, transformando a península no que a mídia apoiada pelo Kremlin chama de fortaleza. O envio dos novos mísseis S-400 à Crimeia provavelmente já estava planejado há tempos, mas o momento do anúncio parece ter como objetivo transmitir à Ucrânia e ao Ocidente a mensagem de que a Rússia está disposta a defender o que considera ser seu território e suas águas. Os sistemas de mísseis antiaéreos S-400 alocados na península têm um alcance de até 400 quilômetros, permitindo que a Rússia controle grande parte dos céus sobre o Mar Negro. Um correspondente da agência inglênsa de notícias Reuters também observou nesta quarta-feira um navio mineiro da Marinha russa navegando rumo ao Mar de Azov, área de crescentes tensões entre Ucrânia e Rússia.