No primeiro segundo turno da história da nação, o centrista recebeu amplo apoio popular e regional, o que lhe permitiu derrotar o ex-mandatário Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia (Libre).
Por Redação, com ANSA – de La Paz
O candidato Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito no domingo o novo presidente da Bolívia, em um pleito marcado pela guinada à direita do país após 20 anos.

No primeiro segundo turno da história da nação, o centrista recebeu amplo apoio popular e regional, o que lhe permitiu derrotar o ex-mandatário Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia (Libre).
Dados do Sistema de Contagem Preliminar (Sirepre), do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, indicam que o filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) obteve 54,53% dos votos, contra 45,5% de Quiroga, após a apuração de 98,2% das urnas.
Essa vitória marca o fim de 20 anos de hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS), legenda que governou o país nas últimas décadas com Evo Morales (2006-2019) e, posteriormente, com Luis Arce (2020-2025).
Em sua primeira declaração, Paz agradeceu ao povo boliviano, afirmando que “eles prestaram homenagem à democracia” e ressaltando a importância do voto do eleitorado em um momento crítico para o país.
De acordo com o canal de TV Unitel, o presidente eleito consolidou sua liderança ao vencer em seis províncias do país, enquanto Quiroga venceu apenas em duas — Beni e Santa Cruz. Há também um quase empate em Tarija, onde o ex-presidente registrou 51% e Rodrigo, 49%.
O novo presidente, apoiado por setores do Ocidente e por grupos de base, chega ao poder diante de uma crise econômica marcada por inflação superior a 23%, além de escassez de dólares e de produtos básicos.
Em seu projeto de governo, Paz propõe a descentralização econômica por meio da redistribuição da receita tributária para regiões e municípios, a implementação de um programa de empréstimos subsidiados e a concessão de isenções fiscais para apoiar pequenas e médias empresas.
Ele também enfatiza o crescimento por meio de incentivos ao setor privado, mantendo os programas sociais para os mais pobres, além de prometer cortes nos gastos públicos.
No cenário internacional, o novo mandatário da Bolívia busca fortalecer os laços exteriores do país, priorizando o restabelecimento das relações com os Estados Unidos e o desenvolvimento da cooperação regional no âmbito do Mercosul.
No entanto, Paz assume a presidência com enormes desafios: o primeiro é conseguir formar uma aliança parlamentar. Para isso, já contatou a Aliança Unida, liderada pelo empresário Samuel Doria Medina, que ofereceu seu apoio após o primeiro turno.
O segundo desafio é formar um governo coerente, capaz de estabelecer condições de governabilidade também nas ruas — um obstáculo considerável, segundo a imprensa, dado que medidas impopulares deverão ser implementadas, como o aumento dos preços dos combustíveis e uma desvalorização oficial do dólar.
Dessa forma, Paz propõe uma plataforma liberal, mas menos radical que a de Quiroga, sob o lema “um pouco de dinheiro para todos”.
Outro desafio — e não menor — será manter um bom relacionamento com o vice-presidente Edmand Lara, que durante a campanha sinalizou ser uma figura politicamente difícil de lidar.
Seu vice, um ex-policial conhecido como Capitão Lara, chegou a declarar que não hesitaria em ordenar a prisão do presidente caso este cometesse um ato de corrupção, além de afirmar que teria mais poder no Legislativo do que o próprio presidente no Executivo.
O presidente eleito tomará posse oficialmente no próximo dia 8 de novembro.
Vitória nas eleições
Nesta segunda-feira, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, parabenizou Paz pela vitória nas eleições presidenciais da Bolívia e comemorou o fim de 20 anos de “má gestão” no país por governos de esquerda.
– Os Estados Unidos parabenizam o presidente eleito Rodrigo Paz por sua eleição como presidente da Bolívia.
Também parabenizamos o povo boliviano por este momento histórico para seu país – afirmou.
Segundo o norte-americano, “após duas décadas de má gestão, a eleição do presidente eleito Paz representa uma oportunidade transformadora para ambas as nações”.
– Os Estados Unidos estão prontos para trabalhar com a Bolívia em prioridades compartilhadas, incluindo o fim da imigração ilegal, a melhoria do acesso ao mercado para investimentos bilaterais e o combate a organizações criminosas transnacionais, para fortalecer a segurança regional – concluiu.