Responsável pela área do BC que toma as decisões de intervenção cambial, David reforçou que o câmbio no Brasil é flutuante e que a autarquia não tem apego ou objetivo para o patamar da moeda.
Por Redação, com Reuters – de Brasília
Diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), o economista Nilton David disse, nesta sexta-feira, que a autarquia não pode imaginar ter resolvido o seu problema de combate à inflação, após algumas semanas de alteração no preço do câmbio. Em seminário do Bradesco BBI, David disse que os movimentos recentes do dólar, que se valorizou fortemente frente ao real no fim de 2024 e perdeu força no início deste ano, não se deu somente no Brasil, avaliando que “o pivô mesmo foi lá fora”.

— (O BC) não pode imaginar que resolveu o problema dele com algumas semanas de alteração no preço do câmbio. A primeira linha de defesa é separar ruído do que é tendência — afirmou, ao ponderar que o dólar está em um momento historicamente valorizado contra o resto do planeta.
Responsável pela área do BC que toma as decisões de intervenção cambial, David reforçou que o câmbio no Brasil é flutuante e que a autarquia não tem apego ou objetivo para o patamar da moeda. Segundo ele, as intervenções são feitas quando o BC observa disfuncionalidades no mercado.
— Ninguém tem nenhuma pretensão de ter um preço artificial do câmbio, nem que seja momentâneo — afirmou.
O diretor afirmou ainda que não há uma métrica ou um nível específico que o BC considere ideal para suas reservas internacionais.
Percepção
David afirmou, ainda, que a autarquia espera um arrefecimento da atividade na economia brasileira, mas que o patamar da taxa de juros somente será reduzido quando houver a convicção de que isso está afetando o nível dos preços.
— Não vai ser a atividade que vai fazer com que a gente diminua o nível de juros, vai ser a percepção e a convicção de que está afetando o nível de inflação… Nossa meta é a inflação — acrescentou.
O diretor afirmou também que a autarquia tem plena convicção sobre a potência da política monetária para baixar a inflação. Para ele, no entanto, a avaliação de parte dos agentes de mercado de que ventos contrários podem mitigar o efeito dos juros dificulta o trabalho do BC.
Inflexão
Sem dar detalhes, ele acrescentou que eventos extraordinários fomentaram o crescimento econômico do país para além do esperado, o que acabou indo contra o efeito da política monetária.
— A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar — resumiu, ao prever que não haverá uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.