Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Rio recebe esculturas de macacos em alerta sobre dependência digital

Descubra as esculturas de macacos do artista Beto Gatti no Rio de Janeiro. Uma intervenção urbana que provoca reflexão sobre o impacto da tecnologia no comportamento humano.

Quarta, 14 de Maio de 2025 às 15:18, por: CdB

Obras do artista Beto Gatti ocupam pontos turísticos como a Lagoa, a Praia de São Conrado e a Praça Mauá com mensagens sobre o impacto da tecnologia no comportamento humano.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Réplicas de macacos absortos em aparelhos eletrônicos começaram a chamar atenção nos principais cartões-postais do Rio de Janeiro. Até o dia 10 de junho, cinco esculturas do artista visual Beto Gatti estarão espalhadas pela cidade, em uma intervenção urbana que convida o público a refletir sobre os excessos da vida digital. A informação é do diário conservador carioca O Globo.

Rio recebe esculturas de macacos em alerta sobre dependência digital | Macacos “plugados” tomam ruas do Rio em crítica ao excesso de telas
Macacos “plugados” tomam ruas do Rio em crítica ao excesso de telas

As obras fazem parte da série Primórdios Digitais e ocupam trechos movimentados como a Lagoa Rodrigo de Freitas (na altura do Corte do Cantagalo), a Rua Dias Ferreira (no Leblon), o calçadão da Praia de São Conrado e a Praça Mauá, no Centro. Com até dois metros de altura, as esculturas têm nomes que reforçam a crítica à alienação tecnológica: Desconectados, La Décadence Biomorphique, Cabo de Guerra e Primórdios Digitais se unem à já conhecida Saudade, que desde 2021 está exposta no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).

– O celular está presente ao acordar, ao dormir, e as pessoas andam corcundas nas ruas. Isso lembra aquela imagem da evolução humana, do primata ao homo sapiens. Mas, em vez de seguirmos em frente, estamos voltando a nos curvar – afirma Gatti.

Segundo o artista, o projeto surgiu em 2021, como parte de outra série chamada A origem. As primeiras peças foram expostas na feira ArtRio e, desde então, circularam por galerias internacionais em Londres e Lisboa. No Brasil, uma das esculturas foi adquirida pelo Museu Nacional de Belas Artes, que se prepara para reabrir após mais de quatro anos em reforma.

Nascido no interior fluminense, Gatti cresceu na capital e hoje aposta na arte pública como forma de ampliar o diálogo com a sociedade. “Meu trabalho é figurativo. Uma vez ouvi o Vik Muniz dizer que a arte dele conversava com todas as idades e classes sociais. No Galeão, vejo pessoas fazendo vídeos, marcando nas redes. Mães perguntam aos filhos o que estão vendo. Estou curioso para saber como o público vai reagir a essas novas obras”, diz.

Esculturas

As esculturas, feitas com diferentes materiais como resina, ferro, fibra de vidro e bronze, foram pensadas para provocar identificação imediata. A obra Desconectados, por exemplo, mostra macacos agachados, amontoados, alheios ao entorno, absortos nas telas de seus celulares. A inspiração veio de um vídeo viral da virada de ano em Paris, quando centenas de pessoas registravam o espetáculo de luzes na Champs-Élysées sem interagir entre si.

– Essa cena é simbólica. Ninguém se abraçou, ninguém viveu o momento. Estavam todos registrando. A escultura na Lagoa pode gerar debate, é um local com grande circulação, especialmente nos fins de semana – completa o artista.

Com a exposição gratuita em espaços públicos, Primórdios Digitais busca levar arte contemporânea para fora das galerias e lançar um alerta sobre os riscos de uma humanidade cada vez mais dominada pelas telas.

Edições digital e impressa