Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Reindustrialização Solidária: reflexões estratégicas sobre o futuro da reindustrialização brasileira

Arquivado em:
Terça, 19 de Novembro de 2024 às 17:44, por: Editoria Brasilia

Aconteceu no dia 8/11, na Universidade de Brasília (UnB), mini curso que trouxe reflexões estratégicas sobre o futuro da reindustrialização brasileira. Coordenado pelo prof. Ricardo Neder, do Núcleo de Política Científica, Tecnológica e Sociedade (NPCTS/CEAM), o evento reuniu especialistas, gestores públicos e acadêmicos para dialogar sobre a Reindustrialização Solidária, uma abordagem que busca combinar desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade.

Mini-Curso_Reindustrializacao-NIB_Fotos-Sthefane-Felipa_EstudioMurga02-1024x682.jpeg
Prof. Ricardo Neder, Prof. José Luis Oreiro e Gustavo Alves – Gestor Público (por Sthefane Felipe/Estúdio Murga)

O mini curso apresentou cenários oportunos para o fortalecimento do setor industrial sobre o modelo econômico solidário, de uma reindustrialização solidária, que se baseiam em pilares como inovação tecnológica, economia solidária, sustentabilidade ambiental, fortalecimento da indústria nacional, combate às desigualdades e promoção de políticas públicas inclusivas. A seguir, destacamos as contribuições dos palestrantes convidados.

Renato Dagnino, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da UNICAMP, trouxe reflexões históricas que fundamentam a ideia de uma reindustrialização solidária. Segundo ele, o conceito remete a três momentos importantes:

1. Revolução Industrial – Um movimento pré-industrial, exemplificado no Japão do século XVIII, em que famílias incorporaram conhecimentos produtivos para criar bens e serviços com menor impacto negativo.

2. Autogestão Trabalhista– A organização da classe trabalhadora em experiências como a Comuna de Paris e a revolução espanhola, mostrando a força da gestão coletiva.

3. Economia Solidária – Um modelo que, apesar de pouco apoiado, se manteve resiliente ao longo de décadas e apresenta grande potencial adaptativo.

Dagnino destacou que o Brasil, como país periférico, pode aprender com essas experiências para alinhar desenvolvimento industrial à inclusão social e sustentabilidade. “Essa resiliência é um exemplo da capacidade de adaptação e persistência do modelo econômico solidário”, afirmou.

O ex-ministro da Casa civil, José Dirceu, discutiu a relação entre economia solidária e política pública. Ele lembrou que, embora iniciativas como a Secretaria Nacional de Economia Solidária tenham avançado, ainda falta uma política nacional robusta. Dirceu também traçou um panorama da industrialização brasileira, que teve origem no final do século XIX, impulsionada por interesses externos, como o investimento inglês em infraestrutura.

Mini-Curso_Reindustrializacao-NIB_Fotos-Sthefane-Felipa_EstudioMurga03-1024x682.jpeg
Ex-ministro José Dirceu participa do mini curso sobre Reindustrialização Solidária/UNB em 8/11/2024 – Foto por Sthefane Felipa/Estúdio Murga

“É preciso entender que a economia solidária não é apenas uma questão econômica, mas um projeto de transformação social. Ela oferece a semente de um modelo alternativo de sociedade”, defendeu Dirceu.

Na segunda parte do evento, Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), enfatizou a importância de um Plano Nacional de Neoindustrialização, alinhado aos objetivos da economia solidária. Gustavo Alves, chefe de gabinete do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, destacou a necessidade da assistência social e da inclusão socioeconômica como alicerce para o desenvolvimento produtivo e social.

“Nosso trabalho está intrinsecamente ligado ao enfrentamento de desafios econômicos e sociais. Precisamos construir uma economia que elimine a fome e promova a dignidade, reduzindo desigualdades estruturais”, enfatizou Gustavo.

Por sua vez, José Luis Oreiro, professor titular no Programa de Pós-graduação em Economia da UnB, defendeu que a neoindustrialização deve ser uma política de Estado com metas de longo prazo. Ele propôs como objetivo estratégico aumentar a participação do emprego industrial de 12% para 24% até 2040, o que exigiria a criação de 12 a 15 milhões de postos de trabalho na indústria de transformação.

O mini curso encerrou com um consenso: a reindustrialização solidária não é apenas uma possibilidade, mas uma necessidade para o Brasil. Combinando história, inovação e políticas públicas consistentes, é possível construir um futuro onde o crescimento econômico seja inclusivo, sustentável e resiliente, resumiu Ricardo Neder.

Mini-Curso_Reindustrializacao-NIB_Fotos-Sthefane-Felipa_EstudioMurga04-1024x682.jpeg
Prof. Ricardo Neder, do Núcleo de Política Científica, Tecnológica e Sociedade (NPCTS/CEAM),

O Mini Curso sobre Reindustrialização Solidária foi um espaço de reflexão, debate e, principalmente, um convite à ação e ao diálogo entre sociedade, governo e setor produtivo, reafirmando que um novo modelo industrial pode ser a chave para superar desigualdades e impulsionar o desenvolvimento nacional.

Assista o curso na íntegra em: (parte 1) https://www.youtube.com/watch?v=meVXilb-F5Q&t=1360s e (parte 2) https://www.youtube.com/watch?v=GUQ081shUuw&t=7272s

por: Vitória Carvalho para Correio do Brasil

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo