Segunda, 07 de Dezembro de 2020 às 11:15, por: CdB
Aumentou, ao mesmo tempo, o risco de apagões, ao longo do ano que vem. Mas os últimos dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que tais projeções de desabastecimento podem ser superadas, ao longo dos próximos meses.
Por Redação - de Brasília
O período de estiagem que reduziu os reservatórios das represas das hidrelétricas a níveis preocupantes, associado à retomada da economia, que elevou o consumo de energia, obrigou o governo a acionar as termelétricas, gerando uma energia mais cara. O resultado foi o imediato aumento nas conta de luz, com adoção da bandeira vermelha nível 2 – com cobrança adicional de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Aumentou, ao mesmo tempo, o risco de apagões, ao longo do ano que vem. Mas os últimos dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que tais projeções de desabastecimento podem ser superadas. A previsão do Operador, para dezembro, era que as vazões (quantidade de água que chega aos reservatórios) atingissem 47% da média histórica no Sudeste e 64% no Sul.
Período úmido
Na primeira revisão de dezembro, no entanto, a projeção subiu para 60% no Sudeste e 143% no Sul.
— É necessário muito cuidado nas análises para o suprimento da energia no ano que vem. Estamos na transição para o período úmido e, como o setor sempre faz, é necessário monitorar a situação de perto — disse Luiz Barroso, diretor-presidente da PSR, uma das maiores consultorias de energia do país.
Se as estimativas estiverem certas, deve haver um recuo nos preços de energia em todo o país. Isso porque os modelos computacionais que definem esse custo são muito influenciados pela previsão de chuvas. Segundo Barroso, o preço dos contratos negociados no mercado livre de energia para o primeiro trimestre de 2021 já apontam essa tendência.
Crescimento
O mercado livre, no qual o consumidor escolhe de quem comprar, responde por quase um terço de toda energia consumida no Brasil e mais de 80% do consumo industrial. Com as novas informações do ONS, o presidente da PSR descarta a possibilidade de que falte energia para o crescimento do País em 2021.
Segundo Barroso, devem entrar no sistema 5 mil megawatts (MW) de energia nova no ano que vem, dos quais 1,2 mil MW de térmicas a gás e o restante em energia renovável (eólica e solar). Jirau, por exemplo, a quarta maior hidrelétrica do País, tem capacidade de geração de 3,7 MW.
No cenário atual de retomada da economia e com a necessidade de acionamento de termelétricas, a flutuação de preços é normal, disse ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa.
— O país tem abundantes recursos energéticos e o problema maior neste momento é de custo elevado, e não de abastecimento. De fato, houve um crescimento de carga, o que indica que a economia voltou a funcionar e isso é, de certa forma, positivo — acrescentou.
Eficiente
Segundo Pedrosa, é cedo ainda para que sejam tomadas decisões que aumentem custos no presente em nome da segurança futura.
— Como dezembro é o primeiro mês do período úmido, é cedo para dizermos se haverá riscos para a segurança do sistema”, disse. “Isso chama a atenção para a importância de modernizar o setor elétrico e torná-lo mais eficiente e seguro, combatendo subsídios e comportamentos oportunistas — resumiu.