Para aliados de Lira, o deputado bolsonarista Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), um dos autores da proposta, pode ter garantindo “umas três eleições” com o voto de seu eleitorado, mas expôs a oposição no Congresso a um forte desgaste junto ao eleitorado.
Por Redação – de Brasília
A repercussão negativa nas ruas e nas redes sociais quanto ao Projeto de Lei conhecido como ‘PL do estupro’ levou aliados do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), engavete o texto que equipara a pena de aborto à punição a quem comete homicídio. Em lugar da pauta de costumes, sugerem agora que a Casa concentre energias para regulamentar a reforma tributária.
O texto polêmico, de autoria da bancada evangélica, vinha ganhando apoio por parte de Lira.
— Eles acharam que estava tudo dominado, que ia ser uma semana de impor vexame ao governo. Erraram na dose, perderam a mão e conseguiram, sozinhos, acordar as ruas — disse um dos parlamentares da base governista à mídia conservadora.
Urgência
Para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do chamado ‘Centrão’, disse também a jornalistas que ele e Lira não possuem qualquer compromisso com o mérito da proposta. Se houve um acordo, disse, foi somente para votar a urgência do texto, aprovada na última quarta-feira.
— O acordo, o gesto para a bancada evangélica, era apenas o de votar a urgência. Apenas isso. Não há qualquer acordo sobre o mérito da proposta — esclareceu Nogueira.
Um dia depois da aprovação da urgência, que acelera a tramitação na Câmara e faz com que o projeto seja enviado a plenário sem necessidade de passar por comissões temáticas, ativistas foram às raus contra o ‘PL do estupro’, em diversas capitais do país.
Para aliados de Lira, o deputado bolsonarista Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), um dos autores da proposta, pode ter garantindo “umas três eleições” com o voto de seu eleitorado, mas expôs a oposição no Congresso a um forte desgaste junto ao eleitorado.
Assinaturas
O tema também gerou um abaixo-assinado, lançado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) em que pede a Arthur Lira que arquive o PL. Nesta manhã, o documento já havia alcançado mais de 100 mil assinaturas, em apenas 24 horas.
A proposta, intitulada “Arquiva, Lira”, foi lançada no sábado simultaneamente às manifestações contra a proposta que equipara o aborto cometido após 22 semanas de gravidez ao crime de homicídio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou o texto e disse que punir mulheres estupradas é uma “insanidade”.