Guedes já admite, publicamente, que o crescimento do PIB em 2020 seria de 1%, ele agora afirma que nem isso. Guedes, que previa um crescimento maiúsculo da economia, para este ano, disse a jornalistas, nesta sexta-feira, que ”será ainda mais difícil" crescer 1% nos meses seguintes.
Por Redação - de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez duras críticas ao ministro da Fazenda, Paulo Guedes, que decidiu judicializar uma decisão do Parlamento. Guedes foi chamado de ‘medíocre’, após anunciar medidas de combate ao novo coronavírus.
— Guedes não tinha uma coisa organizada ou não quis falar. Se olhar os projetos, tem pouca coisa que impacte a agenda de curto prazo ou quase nada — disse ele, sobre reunião do ministro com parlamentares, em que a única proposta foi a reforma administrativa.
Ainda segundo Maia, a administração de Guedes tem sido errática e irresponsável.
— Não posso acreditar que um homem de 70 anos, com a experiência dele, tenha mandado isso com essa intenção. A crise é tão grande que a gente não tem direito de imaginar que o ministro da Economia de uma das maiores economias do mundo possa ter pensado de forma tão medíocre — afirmou.
Narrativa
De acordo com o presidente da Câmara, faltam medidas de curto prazo.
— O que preocupou os parlamentares é que certamente teremos impacto de curto prazo e que essas reformas de médio e longo prazo não vão resolver. Temos uma crise de pandemia de um vírus que começa a crescer no Brasil. O que incomodou os parlamentares é que não sentimos e não vimos, se ele não podia falar ou se ainda não organizou, as soluções para os problemas de curto prazo, como nos setores da aviação civil e de serviços — afirmou o deputado.
Guedes já admite, publicamente, que o crescimento do PIB em 2020 seria de 1%, ele agora afirma que nem isso. Guedes, que previa um crescimento maiúsculo da economia, para este ano, disse a jornalistas, nesta sexta-feira, que ”será ainda mais difícil" crescer 1% nos meses seguintes.
Analistas avaliam que, segundo a narrativa de Guedes, o país terminará o ano em recessão, a prosseguir na atual política macroeconômica.
— O que aconteceu com o Brasil no ano passado quando não tinha reforma nenhuma? Cresceu 1%. E o que aconteceu no ano anterior? Cresceu 1%. E no anterior? Cresceu 1%. Neste ano, com o coronavírus, vai ser ainda mais difícil crescer 1% se não fizermos as reformas — previu, visivelmente irritado.
Novas medidas
Ainda aos jornalistas, Guedes respondeu a Rodrigo Maia. Ele disse que apresentará, em 48 horas, medidas econômicas para combater os efeitos do coronavírus. Algumas iniciativas foram adiantadas, como a isenção tributária para importação, reforço da atuação de bancos públicos e até o possível adiamento do pagamento de impostos por parte de empresas em dificuldades.
— Quero atender ao pedido do presidente Rodrigo Maia dizendo estamos atentos, da mesma forma que ele pediu. Estamos reagindo em 48 horas. O presidente da Câmara está pedindo medidas? Em menos de 48 horas vamos soltar. Vocês vão ver, de hoje para segunda-feira vai sair muito mais coisa — acrescentou.
O ministro, no entanto, aproveitou para cobrar o Congresso sobre o avanço das reformas.
— Gostaria também que as principais lideranças políticas do país reagissem também com muita velocidade a nossas reformas para reforçar a saúde econômica do Brasil — concluiu.