Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Premiê israelense exige retirada de missão da ONU no sul do Líbano

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Domingo, 13 de Outubro de 2024 às 14:53, por: CdB

Premiê israelense diz que soldados da Unifil viram “escudos humanos” para o Hezbollah. Tanques israelenses invadem base da missão de paz. Comunidade internacional condena agressões israelenses.

Por Redação, com DW – de Jerusalém

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na sexta-feira em telefonema ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a retirada das forças de paz da ONU no sul do Líbano, para evitar que os membros da missão internacional sejam colocados em situação de risco.

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O premiê reiterou que Israel pediu a Unifil diversas vezes para que se retirasse da região

A conversa ocorreu após a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) rejeitar novos apelos para retirar seu contingente da zona de fronteira entre Israel e Líbano, depois de cinco de seus soldados ficarem feridos em meio à guerra entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah.

O primeiro-ministro acusou o Hezbollah de usar os soldados da missão de paz como escudos humanos. “Senhor secretário-geral, retire as forças da Unifil do caminho do perigo. Isso deve ser feito agora, imediatamente”, alertou Netanyahu, em vídeo divulgado por seu gabinete.

O premiê reiterou que Israel pediu a Unifil diversas vezes para que se retirasse da região, alertando que a presença da missão de paz tinha “o efeito de fornecer escudos humanos aos terroristas do Hezbollah”.

– Sua recusa em retirar os soldados da Unifil faz com que eles se tornem reféns do Hezbollah. Isso os coloca em perigo, assim como as vidas de nossos soldados – disse o premiê. “Lamentamos o mal causado aos soldados da Unifil e fazemos o máximo para evitar isso. Mas, a maneira mais simples e óbvia de assegurar isso é simplesmente retirá-los da zona de perigo.”

Unifil rejeita deixar sul do Líbano

No início do mês, o ministro israelense do Exterior de Israel, Israel Katz, anunciou que Guterres foi declarado persona non grata e teve proibida a sua entrada no país, por considerar que ele não condenou “de forma inequívoca” o ataque iraniano contra Israel no dia 1º de outubro.

A Unifil rejeitou diversas vezes os apelos israelenses para abandonar suas posições no sul do Líbano. “Houve uma decisão unânime de permanecer, por que é importante que a bandeira da ONU ainda tremule alto nessa região, e para podermos relatar os fatos ao Conselho de Segurança”, afirmou neste sábado o porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti.

Segundo o porta-voz, Israel pediu que a Unifil removesse suas posições de uma área de “até cinco quilômetros da Linha Azul [que separa os dois países]”, o que foi rejeitado pela missão de paz.

A Unifil, criada após a invasão israelense no Líbano,  em 1978, mantém 29 posições no sul libanês, com cerca de 10 mil soldados de várias nacionalidades. Seu objetivo atual é monitorar o cessar-fogo que pôs fim a uma guerra de 33 dias entre Israel e o Hezbollah, em 2006. 

Tanques israelenses invadem base da Unifil

Horas após a o telefonema entre Netanyahu e Guterres, a Unifil denunciou que dois tanques israelenses derrubaram neste domingo a entrada principal de uma de suas bases no sul do Líbano.

“Dois tanques Merkava das Forças de Defesa Israelenses (IDF) destruíram o portão principal de nossa posição e forçaram a entrada. Eles pediram múltiplas vezes para que apagássemos as luzes da base”, informou a missão da ONU, em nota.

A Unifil relatou que os tanques permaneceram no local por 45 minutos, depois de a missão protestar junto a seus intermediários.

Duas horas mais tarde, no mesmo local, soldados da ONU relataram que tiros foram disparados e uma fumaça foi lançada para dentro da base, o que teria gerado irritações na pele e problemas gastrointestinais em 15 membros da Unifil.

Segundo a nota, Israel também impediu neste sábado uma “importante movimentação de logística” da Unifil próxima à cidade libanesa de Mais al-Jabal, na região de fronteira.

Ataque à missão de paz amplamente condenado

Uma declaração assinada por 40 países que colaboram com a Unifil condenou “nos termos mais fortes” os ataques à missão de paz que deixaram cinco soldados feridos.

“Tais ações devem cessar imediatamente e têm de ser investigadas adequadamente”, diz a declaração conjunta divulgada neste sábado na rede social X pela missão polonesa na ONU e assinada por alguns dos maiores colaboradores, como a Itália, Indonésia e Índia.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, condenou o alerta de Tel Aviv para que a Unifil abandone o sul do Líbano. “A advertência enviada por Netanyahu a Guterres, exigindo a retirada da Unifil, representa um novo capítulo no método do inimigo para deixar de cumprir as normas internacionais”, criticou.

Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ter pedido a Netanyahu o fim das ações hostis de Israel contra a Unifil. O Papa Francisco lançou um apelo semelhante neste domingo e pediu a implementação de um cessar-fogo em toda a região.

Críticas à UNRWA em Gaza

Netanyahu fez um paralelo entre a situação da Unifil no Líbano com o fato de o grupo terrorista Hamas supostamente se esconder por trás dos membros da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), na Faixa de Gaza.

– Infelizmente, a UNRWA  também colabora com o Hamas na região – acusou Netanyahu. A agência da ONU, que possui mais de 30 mil funcionários nos territórios palestinos e em outras regiões, atravessa uma crise desde que Israel acusou seus membros de estarem envolvidos nos ataques terroristas do Hamas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023.

A ONU demitiu funcionários que estavam sob suspeita e disse ter encontrado algumas questões que colocavam em dúvida a neutralidade de alguns dos envolvidos, mas reforçou que Israel jamais ofereceu provas de suas principais acusações.

Os atentados do Hamas em Israel deixaram mais de 1,2 mil mortos e resultaram no sequestro de cerca de 250 pessoas. O Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que a ofensiva israelense no enclave palestino já deixou mais de 42 mil mortos e 98,4 mil feridos. Esses números não puderam ser independentemente verificados.

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