O U20, copresidido pelas prefeituras do Rio e de São Paulo, ocorre dentro do G20 Social, que reúne movimentos sociais e culturais. É a primeira vez que o Urban 20 ocorre às vésperas da Cúpula dos Líderes do G20.
Por Redação, com ACS – do Rio de Janeiro
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez, na manhã desta quinta-feira, a abertura do U20 Rio Summit, o encontro dos prefeitos do G20, grupo das maiores economias do mundo. De quinta até domingo, o Armazém da Utopia, no Complexo Mauá, receberá 87 prefeitos e altas autoridades municipais e delegações de mais de 100 cidades ao redor do mundo para debater temas essenciais para o futuro urbano, como clima, justiça social e governança.
O U20, copresidido pelas prefeituras do Rio e de São Paulo, ocorre dentro do G20 Social, que reúne movimentos sociais e culturais. É a primeira vez que o Urban 20 ocorre às vésperas da Cúpula dos Líderes do G20.
– O grande desafio nessa questão das mudanças climáticas, nos desafios das cidades, é o papel de mais protagonismo que as cidades precisam ter, especialmente no tema do financiamento. O presidente Lula é o presidente do G20. Então, o comunicado que as cidades pretendem apresentar a ele no próximo domingo é para que esse tema do financiamento passe a ser discutido pelos chefes de Estado do G20 com prioridade, já que boa parte da população mundial vive em cidades – afirmou Eduardo Paes.
A conferência global do U20, grupo fundado pelas redes de cidades C40 Citiese CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), tem o objetivo de influenciar as decisões dos chefes de Estado. Após o encontro, será produzido um comunicado com propostas das cidades para solucionar problemas sociais, climáticos e de financiamento de projetos municipais. O documento será entregue pelo prefeito Eduardo Paes e representantes do U20 ao Governo Federal, que transmitirá as demandas das cidades aos líderes do G20, reunidos no Museu de Arte Moderna (MAM), na segunda-feira (18/11) e terça-feira (19/11).
– A presidência do G20, que acontece pela primeira vez no Brasil, inova com a criação do G20 Social, que tem o objetivo de amplificar e ampliar os debates. Uma experiência inovadora que está sendo construída por várias mãos. Nossa expectativa é a de que o G20 Social venha para ficar – disse o ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.
– É uma honra estar na abertura do U20 para reafirmar o papel central do Brasil na luta global contra as mudanças climáticas. Hoje, apresentamos um compromisso ambicioso, que é o federalismo climático. Essa iniciativa reforça a convicção de que as respostas para as mudanças climáticas devem ser compartilhadas entre todas as esferas de governo – declarou o ministro das Cidades, Jader Filho.
Entre as autoridades que participam do U20 estão os prefeitos de Paris, Barcelona, Milão, Istambul, Helsinque, Phoenix, Montreal, Freetown, Joanesburgo, Medellin, Montevidéu, entre outros. Também estarão presentes altas autoridades de Londres, Nova York, Buenos Aires e Cingapura, entre vice-prefeitos e conselheiros da Prefeitura. Membros sênior da BloombergPhilanthropies, que patrocina o evento, do C40, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, da ONU e outras lideranças urbanas também vão participardas sessões e conferências.
– No assunto das ações climáticas, a maioria das cidades têm mais objetivos ambiciosos do que os governos nacionais. Três quartos das cidades do C40 tem reduzido de forma mais rápida suas emissões. Esse progresso mostra a importância dos líderes locais no combate às mudanças climáticas – afirmou o ex-prefeito de Nova York, enviado especial da ONU para soluções climáticas e fundador da Bloomberg Philathropies), Michael Bloomberg, em mensagem por vídeo.
– Nos reunimos aqui para o último evento do ano do U20. Temos colhido alguns frutos e esta será uma das nossas maiores reuniões. Vamos trabalhar juntos para ajudar as cidades com as suas necessidades – disse o diretor Executivo do C40, Mark Watts.
– Os desafios das nossas comunidades, os desafios do planeta ultrapassam as fronteiras e requerem a participação de todos. E precisamos dedicar os fundos necessários para enfrentá-los – declarou a secretária Geral da CGLU, EmiliaSaiz.
Aberto ao público pela primeira vez
De forma inédita, a Cúpula dos prefeitos do U20 no Rio é um evento de quatro dias aberto ao público (inscrições já encerradas). Alinhado ao objetivo do G20 Social – iniciativa pioneira da presidência brasileira para incluir a sociedade civil nas discussões das autoridades –, o U20 conta com uma programação ampla, com painéis organizados por redes de cidades e lideranças municipais sobre os temas prioritários do G20. Além dos debates e conferências, o evento conta com a apresentação de iniciativas de soluções urbanas, transformando o Armazém da Utopia em um espaço único para a troca de experiências entre as cidades participantes e o público inscrito.
O U20 abordará os temas prioritários do G20, propostos pelo Governo Federal, destacando a perspectiva dos governos locais e a diversidade das realidades urbanas entre os membros do G20. Os principais eixos de discussão são a inclusão social e combate à fome e à pobreza, transição energética e enfrentamento das mudanças climáticas, além da reforma das instituições de governança global.
O grupo de cidades também dará ênfase a questões de financiamento para medidas urbanas de resiliência climática. Entre os temas abordados estão parcerias para implementar ações climáticas, reforma dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs), transição climática justa, criação de empregos verdes e financiamento para aprimorar a resiliência das áreas urbanas.
Programação do U20
O Armazém da Utopia conta com quatro palcos, sendo o principal com capacidade para 300 pessoas e os três menores focados em clima, social e governança. Serão mais de 60 horas de conteúdo, em painéis que vão das 8h às 18h, nos três primeiros dias.
Nesta quinta-feira, além da abertura do evento, haverá sessões sobre financiamento para projetos de resiliência urbana, incluindo descarbonização do transporte e apoio a startups, com a participação de organizações como Columbia Climate Hub, CEBRI e World Resources Institute. Um dos destaquesdo dia é o lançamento do Brazil Hub, do Centro da Coalizão de Financiamento Climático Urbano (CCFLA), que facilitará o acesso a financiamento para infraestrutura climática.
Nesta sexta-feira, o palco principal receberá a sessão “G20 Favelas,” que explorará o papel das favelas como centros de inovação e empreendedorismo. Também ocorrerão debates sobre governança urbana e geração de empregos dignos, por meio da economia social. Às 15h, a Cúpula das Megacidades, convocada pela Metropolis – Associação Mundial das Grandes Metrópoles – e pelas cidades do Rio de Janeiro e Istambul, discutirá uma agenda colaborativa para megacidades. Às 16h30, será lançado o Breathe Cities Rio de Janeiro, uma iniciativa do Clean Air Fund, C40 e Bloomberg Philanthropies, para combater a poluição do ar na cidade do Rio.
Neste sábado, o palco principal destacará a sessão “Inteligência Artificial para o Bem Social,” promovida pelo Google, e a C40 Cities discutirá o financiamento da ação climática em múltiplos níveis. Às 12h, haverá o lançamento do Pacto Social Local pela UCLG, focado na coesão social e inclusão.
No domingo, último dia do evento, ocorrerá a reunião de cúpula dos prefeitos, que será fechada ao público. O documento final do Urban 20 será entregue diretamente ao presidente Lula.
Comunicado do U20 para os líderes do G20
O U20 destaca em seu comunicado para os chefes de estado das maiores economias do mundo que as cidades desempenham um papel crucial na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e do Acordo de Paris, mas ainda não recebem o reconhecimento necessário. O C40 Citiestambém foca especialmente no sul global, ressaltando que desafios climáticos, como a escassez de alimentos e a pobreza, afetam principalmente as cidades do Sul Global, que são as menos responsáveis por essas crises. Em 2018, apenas 7% a 8% dos US$ 4,5 a US$ 5,4 trilhões necessários para financiar iniciativas climáticas chegaram a essas cidades, mostrando a falta de investimento adequado.