Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

O povo brasileiro sempre lutou pela justiça e a democracia

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Quinta, 06 de Junho de 2019 às 06:58, por: CdB

É fundamental conhecer a história brasileira para compreender os seus problemas e a sua orientação popular que tem sido desvirtuada pela elite poderosa.

Por Zillah Branco - de Brasília

As aulas sobre os muitos heróis que surgiram ao longo da história do Brasil, organizando Quilombos, promovendo greves nas Forças Armadas, e enfrentando como guerrilheiros os militares armados do exército das oligarquias (sobretudo quando nasceu a República ainda em mãos dos grandes proprietários rurais), são formadoras de uma consciência nacional necessária hoje para orientar a luta nacional. É fundamental conhecer a história brasileira para compreender os seus problemas e a sua orientação popular que tem sido desvirtuada pela elite poderosa.

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É fundamental conhecer a história brasileira
Os temas das lutas repetem-se ao longo de vários séculos e a consciência popular é a mesma, com variações de interpretação cultural e de linguagem que correspondem ao conhecimento da época. Mas, para prejuizo da nação brasileira, foi promovida uma versão elitista que não deu o devido valor às lutas populares afogadas em sangue pelas forças militares dos governantes colonialistas ou mesmo republicanos. A resistência contra a opressão sempre foi considerada um crime pelos governos opressores. Assim também o anti-comunismo foi fomentado para impedir que as idéias revolucionárias fossem divulgadas livremente. O Brasil continua dominado por uma elite de base oligárquica e até os livros que divulgam hoje a história omitem as raízes da escravidão permanente mantida pelo sistema capitalista dependente que impede o desenvolvimento dos brasileiros e dos meios de produção para defender a soberania nacional. A história caminha devagar enquadrada pelo poder imperialista que é mundial. Mesmo durante os 15 anos de governo do PT com o apoio de partidos de esquerda, não foi possível ultrapassar os limites impostos pelo neo-liberalismo que travou o desenvolvimento social privilegiando a acumulação do capital e a divulgação de uma cultura alienante. A infiltração no Estado dos subordinados ao comando golpista irradiado dos Estados Unidos minou a ação dos governos progressistas e abriu as portas do poder institucional a pessoas covardes e corruptas que paralisaram a justiça e a defesa do patrimônio econômico fortalecido pela produção nacional, as exportações, as explorações do Pré-sal, a bolsa-família, a integração dos cidadãos vitimados por preconceitos nas escolas e nos direitos humanos assegurados pela Constituição. Importante é conhecer os objetivos que Lula pretendeu implantar no seu governo sem conseguir o apoio suficiente do conjunto de membros ou que foram impossibilitados pela ação do imperialismo na imposição de condições de funcionamento do sistema capitalista. A vontade e a orientação de Lula foram suficientemente fortes para fundamentar um Estado Social que combatesse a fome e to integrasse a população mais pobre nos direitos de cidadania; que ampliasse as instituições de ensino e os serviços médicos com soluções para a plena integração do povo independente das características de gênero, etnia e opções sexuais; que priorizasse o desenvolvimento das forças produtivas e a industrialização nacionais; que reduzisse drásticamente a dependência financeira e garantisse a soberania da Nação integrada no conjunto latino-americano e relacionado com África, Oriente Médio e Ásia, participante do G8 e do G20. Provou que é possivel ao Brasil atender às necessidades vitais e de desenvolvimento do seu povo. Mas, é verdade que tendo conseguido exercer os princípios democratizantes na sociedade, não se chegou à instituir as linhas mestras como definição do Estado, permanecendo dependente dos poderes judicial e parlamentar que se opuseram claramente à democratização da sociedade. Hoje vemos que o Estado permaneceu como interessa à elite, um desenho alheio ao país real. Foi idealizada e criada uma superestrutura que não criou raizes porque, de fato, o povo não pode assumir os seus direitos com as garantias de proteção pelo próprio Estado e a Constituição. Faltou a participação popular que virá com a consciência de cidadania como força política.

Combate aos preconceitos

Evoluiu em todo o mundo, e no Brasil durante os governos de Lula e Dilma, o combate aos preconceitos contra as mulheres, as diferentes etnias, as pessoas com diferentes opções de sexo. É a defesa da igualdade de direitos cidadãos, o fim das discriminações, das diferenças salariais, o direito a participarem sem restrições de todos os benefícios sociais. Mas, em muitos setores da vida nacional, principalmente nas empresas privadas, tais preconceitos prosseguiram através de salários inferiores ou ofertas de empregos temporários sem a aplicação da legislação laboral. A luta pela igualdade de direitos dos cidadãos - de emprego, de salário e de carreira profissional - fortalece o combate aos preconceitos que derivam de uma cultura elitista e colonialista, e que é contra os mais pobres. Na Europa e em países ricos de outros continentes multiplicaram-se os movimentos em defesa dos indivíduos discriminados mas sem integrá-los como classe explorada. Grandes investidores mundiais têm promovido a inclusão de elementos representativos desses movimentos como belezas folclóricas na imagem de uma burguesia rica e moderna servindo-se da mídia especializada em fake news. Vemos nos desfiles da grande moda, no uso de carros de luxo, nas atividades artísticas e intelectuais promovidas por setores privados da cultura. Mas não vemos na vida dos trabalhadores, no acolhimento aos emigrantes, nas escolas privadas, no atendimento médico social, na habitação urbana, na ação da polícia que mantém a ordem pública. Aos poucos surge uma consciência, nos paises mais pobres, de que são usados como folclore para distrair os ricos. E esta percepção atrai os que, sendo conservadores, têm um resto de dignidade humana. A direita tradicional está estilhaçada por dentro. Começam a surgir "resistentes defensores da ética" dentro da bolha reacionária que usufrue egoísticamente os lucros do sistema. Ha quem confesse ter descoberto que "é bom ser rico, ter uma carreira garantida, mas é melhor participar de uma comunidade igualitária que, mesmo pobre, é mais humana e feliz". Vemos atitudes animadoras de rebeldia contra o domínio neo-colonialista, como a do governo das Filipinas que devolveu as toneladas de lixo enviadas pelo Canadá, o que animou a Malásia a fazer o mesmo. O prestígio da riqueza como forma de poder começa a cair. Ser pobre é um valor, não uma vergonha.

Países em desenvolvimento

No Brasil e em outros países em desenvolvimento, esses movimentos sociais de combate às discriminações agregam-se à luta de classes, popular e de esquerda, por perceberem que as nações sub-desenvolvidas são também discriminadas. Os preconceitos são uma arma dos exploradores contra os dependentes, pessoas, coletivos e nações. Mas, os exploradores que armazenam o capital, são minoria perante a humanidade escravizada e não podem ser os "donos do poder". O programa de governo que Lula criou de estímulo à participação de todos na educação para a classe trabalhadora seguir as carreiras profissionais e universitárias integrados na nação soberana, é o modelo universal a ser adotado. O mundo hoje vê que Lula foi preso porque o imperialismo tem medo que o seu exemplo seja expandido por todos os continentes. O Papa o defende e em todos os países da Europa rica surgem movimentos que acusam o governo debochado que é mantido no Brasil por Bolsonaro que não passa de um boneco ao serviço de Trump. Mesmo a direita conservadora não aceita a desmoralização de um Estado com as suas instituições judiciárias que é enxovalhado por um grupo de delinquentes traidores da pátria. A crise do imperialismo chegou a um impasse criminoso e até mesmo os ratos querem saltar do barco da elite exploradora. Os povos do mundo perceberam que a maioria, entre os biliões de pessoas que povoam o planeta, são pobres. Olham para as suas burguesias e sentem que, mesmo os defensores do sistema capitalista (que ainda acreditam nos Direitos Humanos), começam a temer o cáos que o imperialismo gera para manter uma elite corrupta agarrada ao dinheiro e aderem à criação de soluções sociais para a sobrevivência da humanidade. É hora de unir esforços para salvar o Brasil, a América Latina, o Terceiro Mundo.
Zillah Branco, é Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.
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