É fundamental conhecer a história brasileira para compreender os seus problemas e a sua orientação popular que tem sido desvirtuada pela elite poderosa.
Por Zillah Branco - de Brasília
As aulas sobre os muitos heróis que surgiram ao longo da história do Brasil, organizando Quilombos, promovendo greves nas Forças Armadas, e enfrentando como guerrilheiros os militares armados do exército das oligarquias (sobretudo quando nasceu a República ainda em mãos dos grandes proprietários rurais), são formadoras de uma consciência nacional necessária hoje para orientar a luta nacional. É fundamental conhecer a história brasileira para compreender os seus problemas e a sua orientação popular que tem sido desvirtuada pela elite poderosa.
Combate aos preconceitos
Evoluiu em todo o mundo, e no Brasil durante os governos de Lula e Dilma, o combate aos preconceitos contra as mulheres, as diferentes etnias, as pessoas com diferentes opções de sexo. É a defesa da igualdade de direitos cidadãos, o fim das discriminações, das diferenças salariais, o direito a participarem sem restrições de todos os benefícios sociais. Mas, em muitos setores da vida nacional, principalmente nas empresas privadas, tais preconceitos prosseguiram através de salários inferiores ou ofertas de empregos temporários sem a aplicação da legislação laboral. A luta pela igualdade de direitos dos cidadãos - de emprego, de salário e de carreira profissional - fortalece o combate aos preconceitos que derivam de uma cultura elitista e colonialista, e que é contra os mais pobres. Na Europa e em países ricos de outros continentes multiplicaram-se os movimentos em defesa dos indivíduos discriminados mas sem integrá-los como classe explorada. Grandes investidores mundiais têm promovido a inclusão de elementos representativos desses movimentos como belezas folclóricas na imagem de uma burguesia rica e moderna servindo-se da mídia especializada em fake news. Vemos nos desfiles da grande moda, no uso de carros de luxo, nas atividades artísticas e intelectuais promovidas por setores privados da cultura. Mas não vemos na vida dos trabalhadores, no acolhimento aos emigrantes, nas escolas privadas, no atendimento médico social, na habitação urbana, na ação da polícia que mantém a ordem pública. Aos poucos surge uma consciência, nos paises mais pobres, de que são usados como folclore para distrair os ricos. E esta percepção atrai os que, sendo conservadores, têm um resto de dignidade humana. A direita tradicional está estilhaçada por dentro. Começam a surgir "resistentes defensores da ética" dentro da bolha reacionária que usufrue egoísticamente os lucros do sistema. Ha quem confesse ter descoberto que "é bom ser rico, ter uma carreira garantida, mas é melhor participar de uma comunidade igualitária que, mesmo pobre, é mais humana e feliz". Vemos atitudes animadoras de rebeldia contra o domínio neo-colonialista, como a do governo das Filipinas que devolveu as toneladas de lixo enviadas pelo Canadá, o que animou a Malásia a fazer o mesmo. O prestígio da riqueza como forma de poder começa a cair. Ser pobre é um valor, não uma vergonha.Países em desenvolvimento
No Brasil e em outros países em desenvolvimento, esses movimentos sociais de combate às discriminações agregam-se à luta de classes, popular e de esquerda, por perceberem que as nações sub-desenvolvidas são também discriminadas. Os preconceitos são uma arma dos exploradores contra os dependentes, pessoas, coletivos e nações. Mas, os exploradores que armazenam o capital, são minoria perante a humanidade escravizada e não podem ser os "donos do poder". O programa de governo que Lula criou de estímulo à participação de todos na educação para a classe trabalhadora seguir as carreiras profissionais e universitárias integrados na nação soberana, é o modelo universal a ser adotado. O mundo hoje vê que Lula foi preso porque o imperialismo tem medo que o seu exemplo seja expandido por todos os continentes. O Papa o defende e em todos os países da Europa rica surgem movimentos que acusam o governo debochado que é mantido no Brasil por Bolsonaro que não passa de um boneco ao serviço de Trump. Mesmo a direita conservadora não aceita a desmoralização de um Estado com as suas instituições judiciárias que é enxovalhado por um grupo de delinquentes traidores da pátria. A crise do imperialismo chegou a um impasse criminoso e até mesmo os ratos querem saltar do barco da elite exploradora. Os povos do mundo perceberam que a maioria, entre os biliões de pessoas que povoam o planeta, são pobres. Olham para as suas burguesias e sentem que, mesmo os defensores do sistema capitalista (que ainda acreditam nos Direitos Humanos), começam a temer o cáos que o imperialismo gera para manter uma elite corrupta agarrada ao dinheiro e aderem à criação de soluções sociais para a sobrevivência da humanidade. É hora de unir esforços para salvar o Brasil, a América Latina, o Terceiro Mundo.
Zillah Branco, é Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.