Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Portugueses voltam às urnas, neste domingo, sob a sombra do neofascismo

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Domingo, 10 de Março de 2024 às 16:35, por: CdB

Em relação aos blocos dos partidos que podem formar governo, no entanto, a esquerda – formada por PSD, Bloco de Esquerda, CDU e Livre  – está ligeiramente à frente com 41% dos votos em relação à direita, formada por Aliança Democrática e Iniciativa Liberal que somam 40% dos votos.


Por Redação, com agências internacionais - de Lisboa

Cerca de 11 milhões de eleitores portugueses voltaram às urnas, neste domingo,0 para eleger os 230 deputados da Assembleia da República para a próxima legislatura e escolher que partido deve formar governo. Revigoradas por um discurso neofascista, as forças de direita atuam maciçamente contra a chamada ‘geringonça’ estruturada pela centro-esquerda.

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Movimentos sociais foram às ruas de Lisboa, na véspera das eleições


Liderada por Luís Montenegro, a Aliança Democrática (AD), de direita, aparece seis pontos percentuais à frente do Partido Socialista (PS) liderado por Pedro Nuno Santos na última pesquisa da campanha divulgada na quinta-feira pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para os jornais Público, RTP e Antena 1, todos com tendência de direita.

Em relação aos blocos dos partidos que podem formar governo, no entanto, a esquerda – formada por PSD, Bloco de Esquerda, CDU e Livre  – está ligeiramente à frente com 41% dos votos em relação à direita, formada por Aliança Democrática e Iniciativa Liberal que somam 40% dos votos.

 

Mídia conservadora


Em terceiro lugar aparece o partido de extrema direita Chega, liderado por André Ventura, com 16% dos votos e a possibilidade de eleger até 41 deputados.

A sociedade parece estar dividida diante da crise social e econômica que o país enfrenta. Além do conturbado quadro político, aprofundado após a queda do premiê António Costa (PS) em novembro do ano passado, a consolidação da extrema-direita como terceira força política e o grande espaço midiático disponibilizado aos seus interlocutores têm provocado certa tensão entre representantes à esquerda.

Com uma campanha eleitoral pautada por discussões em torno das chamadas ‘pautas de costume’ e do populismo penal, discursos anti-imigração baseados em preconceitos enraizados na estrutura da sociedade portuguesa, como o racismo, a ciganofobia ou a islamofobia, ganharam espaço nos debates e ocuparam o tempo que deveria ser despendido para a apresentação de propostas reais, como o aumento dos salários e pensões, o fortalecimento dos serviços públicos e o enfrentamento à atual crise de habitação que afeta o país.

 

Sociedade dividida


Mesmo diante da instabilidade social e política que ajudou a alavancar o discurso fascista da extrema-direita, o principal embate na disputa eleitoral permanece entre o Partido Socialista (PS), agora liderado por Pedro Nuno Santos, e a Aliança Democrática (AD), representada pelo conservador e social-democrata, Luís Montenegro (PSD).

Divulgada no domingo passado, a última sondagem feita pela Aximage colocou o PS e a AD com empate técnico, mas com uma vantagem de 33,1% das intenções de voto para os socialistas contra 29,6% dos sociais-democratas. O Chega (CH), que vem logo em terceiro lugar (16,7%), confirma o receio de parte da opinião pública sobre a possível coligação entre a direita (AD) e a extrema-direita para formar maioria no Parlamento e assim governar o país.

Com um dos menores salários da Europa (820 euros), refém da gentrificação, da especulação imobiliária e com uma dependência econômica proveniente do setor de serviços e turismo, Portugal viu a adesão ao discurso reacionário, xenófobo e racista de André Ventura (líder do partido Chega) ganhar espaço em uma sociedade cada vez mais ressentida com a degradação social provocada por políticas neoliberais. O seu objetivo em dobrar o número de parlamentares na Assembleia da República, que hoje são doze, tornou-se mais viável.

 

Previdência


Esse cenário vem provocando disputas entre as bases da social-democracia, enquanto alguns representantes da ala progressista já falam em uma nova aliança parlamentar entre as esquerdas (que ficou conhecida como ‘geringonça’) para evitar um quadro pós-eleitoral que representaria um enorme retrocesso aos direitos básicos da classe trabalhadora, incluindo a população imigrante, que hoje também preenche uma parcela significativa da economia lusitana. Só em 2022, os imigrantes contribuíram com 1,6 bilhão de euros à previdência social portuguesa.

O Bloco de Esquerda (BE), representado pela economista Mariana Mortágua, aparece em quarto lugar (6,6%) na mesma pesquisa de intenção de votos revelada no início desta entrevista. Na quinta posição (4%) está a coligação CDU, liderada pelo operário e secretário-geral do Partido Comunista (PCP), Paulo Raimundo, legenda que possui um histórico importante na luta contra o fascismo e pelos direitos dos trabalhadores, antes mesmo da Revolução dos Cravos, em 1974.

Em sexto lugar, vem a Iniciativa Liberal (3,9%), legenda à direita, seguida por outros dois partidos progressistas, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), da jurista Inês Sousa Real, e o Livre, fundado pelo historiador Rui Tavares, com 2% e 1% de intenção de votos, respectivamente.

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