Agentes foram às ruas nesta quinta em busca de novas evidências; a investigação começou antes das eleições do ano passado.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
Agentes da Polícia Federal (PF) foram às ruas nesta quinta-feira para ações de busca e apreensão em meio a investigações sobre possível compra de votos no município de Tucuruí (PA). O caso começou dois dias antes das eleições municipais do ano passado, quando houve apreensão de R$ 1,1 milhão em um avião de pequeno porte no aeroporto de Belém.

Há suspeita de que o dinheiro tenha sido usado para tentar garantir a reeleição de Alexandre Siqueira (MDB), ele de fato venceu a eleição, com 51,6% dos votos, contra 47% de Eliane Lima (Solidariedade) e 1,39% de Claudiney Furman (PRTB).
As buscas desta quinta aconteceram em Tucuruí (oito mandados), Belém (dois) e em Brasília (um). O prefeito é casado com a deputada federal Andreia Siqueira (MDB-PA).
O site CartaCapital tentou contato com Siqueira e com a prefeitura de Tucuruí, mas não teve sucesso até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações. O prefeito e a esposa deputada não se manifestaram nas redes sociais.
– A investigação indica a presença de um candidato à reeleição para chefe do Executivo municipal de um município relevante do estado do Pará. Mas não apenas dele. Também outros servidores públicos e não servidores públicos – resumiu o delegado da PF responsável pelo caso, Iedo Sá Filho.
A apreensão
A apreensão do dinheiro, R$ 1,149 milhão em espécie, aconteceu no dia 4 de outubro, uma sexta-feira, dois dias antes do primeiro turno das eleições municipais (Tucuruí, com menos de 200 mil eleitores, não tem segundo turno). Um policial militar que estava no avião interceptado no aeroporto de Belém foi preso. A aeronave foi apreendida.
Segundo a PF, a ação desta quinta tem o objetivo de ajudar a confirmar a suspeita de falsificação de documentos e o uso de uma empresa para lavagem de dinheiro movimentado para o crime eleitoral.
PF impõe prejuízo bilionário ao crime organizado e reduz armas em circulação
A Polícia Federal (PF) ampliou em 70% a asfixia financeira sobre o crime organizado em 2024, com apreensões que somaram R$ 5,6 bilhões, contra R$ 3,3 bilhões no ano anterior. O balanço das ações da corporação foi divulgado na quarta-feira, em Brasília, pelo diretor-geral Andrei Rodrigues, ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
O valor não se refere a bloqueios determinados pela Justiça, e sim o que efetivamente foi apreendido pela PF ao longo do ano passado, como veículos, aeronaves, helicópteros, edifícios inteiros e dinheiro em espécie.
– O enfrentamento ao crime organizado só pode ser feito a partir do enfrentamento do poder econômico e da prisão das principais lideranças. E esse é um grande trabalho que temos feito em todas as nossas diretorias de Polícia Judiciária. [O total de R$ 5,6 bilhões diz respeito] as apreensões do crime organizado na área ambiental, na área de corrupção, de drogas, de todos os segmentos que compõem esse enfrentamento ao crime organizado – explicou o chefe da PF.
A Ficco, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, realizou 222 operações e efetuou mais de mil prisões em 2024. Além disso, os agentes cumpriram 1.907 mandados de busca e apreensão. Ao todo, as ações da força tarefa tirou cerca de R$ 388 milhões das organizações criminosas.
Além do combate ao crime organizado, os dados revelam alta nas apreensões de drogas e uma redução expressiva na concessão de registros e portes de armas de fogo no país.
Foram apreendidas 74,5 toneladas de cocaína e 479,1 toneladas de maconha, crescimento de 2,8% e 15%, respectivamente, em relação a 2023. Além disso, a PF confiscou quase 738 mil pés de maconha (aumento de 76%) e 607.886 unidades de ecstasy (20,7%).
Outro destaque do relatório foi o combate aos crimes ambientais. Conforme a PF, houve uma queda de 30% nas áreas desmatadas no país (11,5 mil quilômetros quadrados). Ao todo, foram instaurados 5.690 inquéritos policiais sobre temáticas ambientais.
Armas de fogo em queda
A quantidade de emissões de porte de arma de fogo para uso pessoal caiu 30% no ano passado, informou a Polícia Federal. Foram 1.727 registros ante 2.469 em 2023.
Também houve uma redução de 11,6% nas emissões de registros de armas de fogo, foram 25.097 no ano passado e 28.402 em 2023. “Tivemos uma redução do registro de armas de fogo e redução também da concessão de porte de armas de fogo, seguindo uma política pública determinada pelo governo brasileiro que nós somos os cumpridores”, afirmou Andrei no evento.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a diminuição das concessões para porte de armas é uma política governamental.
– O atual governo tem uma política de desarmar a população e dificultar não só o registro como o porte. O cidadão civil não precisa no seu cotidiano usar armas – pontuou. “Divulgar o registro e o porte é algo importante para reduzir a criminalidade violenta. Essa é a política do governo que a polícia federal está implementando”.
O número de apreensões de armas realizadas pela PF teve uma significativa diminuição de 40,8%, de 4.713 em 2023 para 2.741, em 2024. Com relação às munições apreendidas, houve aumento de 9,7%, de 200.647 para 220.082.