Durante entrevista promovida pelo Grupo Prerrogativas, Pochmann apontou a atuação do Congresso e sugeriu que a atual legislatura não representa adequadamente a base da pirâmide social. Ele considera o BC como uma "caixa-preta" que toma decisões políticas.
Por Redação, com BdF - de São Paulo
Indicado pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o economista Marcio Pochmann opinou, em transmissão ao vivo pela internet, na noite passada, pela revisão da autonomia do Banco Central (BC). Pochmann também não economizou críticas quanto à privatização da Eletrobrás.
Durante entrevista promovida pelo Grupo Prerrogativas, Pochmann apontou a atuação do Congresso e sugeriu que a atual legislatura não representa adequadamente a base da pirâmide social. Ele considera o BC como uma "caixa-preta" que toma decisões políticas.
— Dizia-se que, se reduzissem direitos, o emprego cresceria. Valeria a pena agora um debate no Congresso: ‘olha, nós tentamos fazer aqui, reduzir, mas não melhorou. Então podemos voltar atrás — afirmou.
Taxa de juros
Ele ainda disse não haver explicações para o patamar atual da taxa básica de juros (Selic).
— Não há justificativa teórica, a não ser uma espécie de posição, até mesmo política, que faz questionar até que ponto a direção do Banco Central, especialmente o seu presidente, estão associados ao que aconteceu nas eleições de 2018 — disse.
Ainda segundo o economista, “a taxa de juros hoje praticada é contra o país”.
— O Congresso deveria estar mais atento a isso, fazer um bom debate. É uma direção que não consegue entregar as metas pelas quais a inflação deveria estar operando. (...) O Banco Central é uma caixa preta. Não há transparência, informações. A gente não sabe, por exemplo, dados de quem são os detentores da dívida pública do Brasil — afirmou Pochmann.
Privatização
Pochmann também avaliou que o presidente Lula (PT) está correto ao criticar a perda do controle da Eletrobras e disse que há “elementos consistentes" para o questionamento da privatização da companhia.
— O presidente pode exercer a sua ação e reivindicar na Justiça, mas em algum momento ele precisa do Parlamento. É uma operação muito complexa. Olhando a experiência internacional, vários países e cidades voltaram a estatizar, especialmente energia, saneamento e água, porque os resultados após anos de privatização não foram os esperados — acrescentou.
A nomeação de Pochmann para liderar o IBGE gerou uma onda de críticas por parte da mídia conservadora.