O estudo, de caráter experimental, utiliza variáveis da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017 e 2018, também produzida pelo instituto. Para calcular a perda de qualidade de vida em diferentes grupos da população, o IPQV olha para uma série de indicadores nas áreas de moradia, serviços de utilidade pública, saúde e alimentação, entre outros.
Por Redação, com ACS - do Riode Janeiro
Em um contexto de desigualdade social no Brasil, famílias chefiadas por mulheres, pretos, pardos e pessoas com menos escolaridade e renda sofrem uma perda maior de qualidade de vida. A constatação é de um novo índice divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV).
O estudo, de caráter experimental, utiliza variáveis da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017 e 2018, também produzida pelo instituto. Para calcular a perda de qualidade de vida em diferentes grupos da população, o IPQV olha para uma série de indicadores nas áreas de moradia, serviços de utilidade pública, saúde e alimentação, educação, acesso a serviços financeiros, transporte e lazer.
O índice vai de zero a um. Quanto mais perto de zero, menor é a perda de qualidade de vida do grupo em questão. Em outras palavras, valores menores sinalizam que as pessoas estão em uma situação considerada mais próxima da ideal em termos de bem-estar. Entre 2017 e 2018, o Brasil teve IPQV de 0,158. À época, o país ainda sofria os reflexos da recessão econômica registrada nos anos anteriores.
Levantamento
Na divisão por grupos, é possível observar que a perda de qualidade de vida foi maior nas famílias chefiadas por mulheres (0,169) do que naquelas com homens como pessoas de referência (0,151). O índice feminino superou a média nacional, enquanto o masculino ficou abaixo.
A diferença também aparece no recorte por cor ou raça. Segundo o estudo, famílias chefiadas por pretos e pardos tiveram um IPQV estimado em 0,185, maior do que o dos brancos (0,123) e 17% acima do valor nacional (0,158). Segundo o IBGE, a intenção do levantamento é construir uma forma de comparação que mostre as desigualdades entre os grupos.
A perda de qualidade de vida também muda conforme a educação e a renda da população. Na análise por nível de estudo, as famílias chefiadas por pessoas sem instrução têm o maior IPQV: 0,255. Na outra ponta da lista, estão as famílias cuja pessoa de referência tinha ensino superior completo. “O índice dessa camada foi de 0,076, o menor da pesquisa. É menos da metade do valor do Brasil (0,158)”, constata o estudo.