Operação Slim cumpre 24 mandados em quatro Estados e apreende Ferrari, aviões e artigos de luxo usados por grupo que manipulava tirzepatida sem autorização.
Por Redação, com Agenda do Poder – de Brasília
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação contra médicos, clínicas e laboratórios acusados de produzir e comercializar ilegalmente medicamentos para emagrecimento. A ofensiva, batizada de Operação Slim, é resultado de quase um ano de investigação e tem como foco um esquema que manipulava o princípio ativo do Mounjaro (tirzepatida), um dos medicamentos mais procurados para perda de peso no país.

Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nos Estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Segundo a PF, o grupo fabricava o composto sem autorização sanitária, sem pagamento de patente à fabricante original e em desacordo com qualquer norma de controle, colocando em risco a saúde dos consumidores.
Esquema usava clínicas, laboratórios e redes sociais
O principal alvo é um médico baiano que atua em São Paulo e que vendia o suposto tratamento para emagrecimento nas redes sociais como se fosse um serviço regularizado. Segundo os investigadores, ele estruturou um esquema de produção em larga escala, usando laboratórios parceiros para manipular o princípio ativo e distribuir o produto como se fosse o medicamento original.
As investigações apontam que a operação funcionava como uma espécie de fábrica clandestina, com distribuição nacional e alcance ampliado pelas redes sociais. A venda em massa despertou a atenção da fabricante que detém a patente do Mounjaro, que apresentou a denúncia inicial à PF.
Bens de luxo e laranjas identificados pela PF
Durante as buscas, agentes apreenderam uma Ferrari, aviões, relógios de alto valor e outros bens de luxo registrados em nome de laranjas usados pelo grupo criminoso. O patrimônio, segundo a PF, é incompatível com a renda declarada dos investigados e reforça a suspeita de enriquecimento ilícito por meio da produção ilegal.
Os investigadores afirmam que o objetivo da quadrilha era lucrar com a alta demanda por medicamentos de emagrecimento, explorando um mercado aquecido por fórmulas que prometem perda de peso rápida. A produção clandestina, porém, desrespeitava totalmente as regras sanitárias e industriais necessárias para garantir segurança e eficácia.
Ação integrada com órgãos de vigilância sanitária
A operação contou com a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das vigilâncias sanitárias estaduais, que devem ajudar na desmontagem das estruturas clandestinas encontradas nos laboratórios e clínicas investigadas.
Segundo a PF, a continuidade da operação deve aprofundar a identificação do fluxo financeiro do grupo, bem como de fornecedores e distribuidores envolvidos na fabricação ilegal. Os responsáveis podem responder por crimes contra a saúde pública, falsificação de medicamentos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.