Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Pessoas físicas e governo devem o que não têm para pagar, constata BC

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Sexta, 29 de Janeiro de 2021 às 13:44, por: CdB

As famílias inadimplentes, ou seja, com contas ou dívidas em atraso, chegaram a 25,5% no ano passado, acima dos 24% de 2019. Já as famílias sem condições de pagar as dívidas em atraso somaram 11% em 2020, percentual também superior ao ano anterior, de 9,6%.

Por Redação - de Brasília

O volume de dívidas, tanto das pessoas físicas quanto do Estado brasileiro, assume uma dimensão sem precedentes na história recente do país. No plano pessoal, o número de endividados no país fechou 2020 em 66,5%, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se do maior patamar de endividamento familiar em 11 anos. Em 2019, por exemplo, os endividados eram 63,6% das famílias brasileiras.

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O brasileiro está ficando cada vez mais sem dinheiro para pagar as contas mais básicas; idem o Estado

As famílias inadimplentes, ou seja, com contas ou dívidas em atraso, chegaram a 25,5% no ano passado, acima dos 24% de 2019. Já as famílias sem condições de pagar as dívidas em atraso somaram 11% em 2020, percentual também superior ao ano anterior, de 9,6%.

O percentual de pessoas que se disseram muito endividadas subiu de 13,3% em 2019 para 14,9% em 2020. As principais fontes de dívidas são cartão de crédito (78,7%), carnê (16,8%), financiamento de carro (10,7%), financiamento de casa (9,5%) e crédito pessoal (8,5%). O tempo médio de comprometimento das famílias com dívidas no ano passado chegou a 7,2 meses, acima dos 6,9 meses no ano anterior.

Dívida-PIB

No plano fiscal, a pandemia da covid-19 elevou o endividamento público ao maior nível da história republicana. Em dezembro, segundo relatório do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira, a dívida pública alcançou 89,3% do Produto Interno Bruto (PIB), aumento de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 15 pontos no ano.

Embora esteja no maior patamar da história, o número é menor que o esperado –a equipe econômica projetava que a dívida terminaria o ano acima de 90%. A dívida, que ficou em R$ 6,6 trilhões em dezembro, registra crescimentos expressivos por mês desde o início da pandemia, mas já vinha em trajetória de alta antes da crise.

Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve de gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio aos mais pobres e linhas de crédito para empresas. O BC chegou a divulgar que a dívida teria superado 90% do PIB em setembro e em outubro, mas os dados foram revisados para baixo com os valores atualizados da atividade econômica.

Ativos

Em dezembro, o crescimento do endividamento foi ocasionado principalmente pela incorporação de juros ao montante, que representou 0,5 ponto e pelo aumento nas emissões de títulos públicos para financiar os gastos (0,4 ponto).

O crescimento nominal do PIB nominal (em reais) no período e a queda de 2,5% do dólar seguraram o crescimento da dívida, puxando em 0,4 ponto percentual para baixo. A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, também foi afetada e cresceu e ficou em 63% do PIB em dezembro, alta de 1,3 ponto percentual em relação a novembro.

A queda do dólar contribuiu com alta de 0,5 ponto percentual na dívida líquida. Quando há valorização da moeda americana, há redução do valor da dívida líquida em reais porque são descontadas as reservas internacionais, mensuradas em dólar.

Superávit

Apesar disso, a alta do PIB nominal segurou o crescimento da dívida, puxando em 0,1 ponto para baixo. Em dezembro, o rombo nas contas públicas ficou em R$ 703 bilhões, o equivalente a 9,49% do PIB. Em 2019, antes da pandemia, o déficit primário estava em R$ 61,9 bilhões.

O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit.

Desde o início da crise sanitária, além de gastar mais, o governo tem arrecadado menos em razão da queda da atividade e das medidas de restrição, o que também contribui para o aumento no rombo das contas públicas.

Com a flexibilização do isolamento, no entanto, a arrecadação aumentou e alguns impostos que foram postergados por causa da pandemia começaram a ser pagos. Apenas em dezembro, o déficit foi de R$ 51,8 bilhões.

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