Os preços dos alimentos devem ter caído pelo quarto mês consecutivo, conforme observado no IPCA-15, graças a uma moeda local mais forte que aumenta a oferta interna.
Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro
Os preços ao consumidor no Brasil retomaram tendência de alta em setembro diante do fim dos descontos na conta de energia elétrica com o Bônus de Itaipu, mostrou pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, divulgada nesta terça-feira.

Além disso, a taxa acumulada em 12 meses deverá se manter acima da meta do Banco Central (BC), possivelmente reforçando o “novo estágio” da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação. O IPCA, a ser divulgado na quinta-feira, deve ter registrado alta mensal de 0,52% em setembro, de acordo com a mediana das estimativas de 27 economistas consultados entre 1 e 6 de outubro.
Os preços dos alimentos devem ter caído pelo quarto mês consecutivo, conforme observado no IPCA-15, graças a uma moeda local mais forte que aumenta a oferta interna ao tornar os produtos mais caros no exterior.
Energia
Mas os custos da energia elétrica devem ter sofrido ajuste de dois dígitos no mês passado com o fim do Bônus de Itaipu, valor distribuído aos consumidores todo ano após apuração do saldo registrado na conta de comercialização da energia da usina hidrelétrica binacional no ano anterior.
A taxa em 12 meses foi estimada em 5,22% para setembro, potencialmente marcando o 12º mês acima da meta do BC, de 3% com margem de 1,5 ponto percentual.
Seria também o oitavo mês consecutivo acima de 5%, ampliando a sequência mais longa acima dessa marca desde o início de 2023, pouco antes de a inflação esfriar graças a um ciclo anterior de aumento da taxa de juros.
“Projetamos uma inflação do núcleo de serviços de 0,21% m/m… ante 0,34% antes, ou 6,95% a/a em termos anuais — acima dos 6,74% de agosto e possivelmente a maior taxa em 28 meses”, escreveram analistas do Barclays em relatório aos clientes.
Cautela
Na segunda-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a dispersão da inflação tem recuado após atingir nível “bastante elevado” em abril, mas que esse processo tem se concentrado nos preços de bens, com a inflação de serviços seguindo em nível incompatível com a meta.
O BC decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano pela segunda vez seguida no mês passado, e destacou que o ambiente incerto demanda cautela e que seguirá avaliando se manter os juros nesse patamar por período bastante prolongado será suficiente para levar a inflação à meta.
Em linha com as projeções dos economistas, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta abaixo do esperado de 0,36% em setembro, depois de avanço de 0,20% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira.
Inflação
A expectativa em pesquisa da Reuters era de um avanço de 0,43%. Com o resultado de setembro, o índice passou a acumular em 12 meses alta de 2,31%%. No período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador geral, subiu 0,30%, de alta de 0,35% no mês anterior.
— A inflação ao produtor foi impulsionada, sobretudo, pelas grandes commodities, com destaque para café, milho e carne bovina — resumiu Matheus Dias, economista do FGV IBRE.