Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Pesquisa mostra tendência de alta dos preços, com fim do bônus de Itaipu

Pesquisa aponta que os preços ao consumidor no Brasil estão em alta com o término do Bônus de Itaipu, enquanto os alimentos continuam a cair. Entenda as implicações econômicas.

Terça, 07 de Outubro de 2025 às 19:50, por: CdB

Os preços dos alimentos devem ter caído pelo quarto mês consecutivo, conforme observado no IPCA-15, graças a uma moeda local mais forte que aumenta a oferta interna.

Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro

Os preços ao consumidor no Brasil retomaram tendência de alta em setembro diante do fim dos descontos na conta de energia elétrica com o Bônus de Itaipu, mostrou pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, divulgada nesta terça-feira.

Pesquisa mostra tendência de alta dos preços, com fim do bônus de Itaipu | A gigantesca usina de Itaipu distribuiu bônus nas contas de luz
A gigantesca usina de Itaipu distribuiu bônus nas contas de luz

Além disso, a taxa acumulada em 12 meses deverá se manter acima da meta do Banco Central (BC), possivelmente reforçando o “novo estágio” da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação. O IPCA, a ser divulgado na quinta-feira, deve ter registrado alta mensal de 0,52% em setembro, de acordo com a mediana das estimativas de 27 economistas consultados entre 1 e 6 de outubro.

Os preços dos alimentos devem ter caído pelo quarto mês consecutivo, conforme observado no IPCA-15, graças a uma moeda local mais forte que aumenta a oferta interna ao tornar os produtos mais caros no exterior.

 

Energia

Mas os custos da energia elétrica devem ter sofrido ajuste de dois dígitos no mês passado com o fim do Bônus de Itaipu, valor distribuído aos consumidores todo ano após apuração do saldo registrado na conta de comercialização da energia da usina hidrelétrica binacional no ano anterior.

A taxa em 12 meses foi estimada em 5,22% para setembro, potencialmente marcando o 12º mês acima da meta do BC, de 3% com margem de 1,5 ponto percentual.

Seria também o oitavo mês consecutivo acima de 5%, ampliando a sequência mais longa acima dessa marca desde o início de 2023, pouco antes de a inflação esfriar graças a um ciclo anterior de aumento da taxa de juros.

“Projetamos uma inflação do núcleo de serviços de 0,21% m/m… ante 0,34% antes, ou 6,95% a/a em termos anuais — acima dos 6,74% de agosto e possivelmente a maior taxa em 28 meses”, escreveram analistas do Barclays em relatório aos clientes.

 

Cautela

Na segunda-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a dispersão da inflação tem recuado após atingir nível “bastante elevado” em abril, mas que esse processo tem se concentrado nos preços de bens, com a inflação de serviços seguindo em nível incompatível com a meta.

O BC decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano pela segunda vez seguida no mês passado, e destacou que o ambiente incerto demanda cautela e que seguirá avaliando se manter os juros nesse patamar por período bastante prolongado será suficiente para levar a inflação à meta.

Em linha com as projeções dos economistas, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta abaixo do esperado de 0,36% em setembro, depois de avanço de 0,20% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira.

 

Inflação

A expectativa em pesquisa da Reuters era de um avanço de 0,43%. Com o resultado de setembro, o índice passou a acumular em 12 meses alta de 2,31%%. No período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador geral, subiu 0,30%, de alta de 0,35% no mês anterior.

— A inflação ao produtor foi impulsionada, sobretudo, pelas grandes commodities, com destaque para café, milho e carne bovina — resumiu Matheus Dias, economista do FGV IBRE.

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