A China é o mais suculento mercado de aviação do mundo. A própria Boeing previu no fim de 2024 que a frota chinesa subirá de 4.345 para 9.740 aeronaves até 2043, com o grosso da composição futura nos valiosos aviões de um corredor — serão 6.720 do total.
Por Redação, com agências internacionais – de Pequim
Em nova decisão chinesa, na guerra tarifária de Donald Trump, Pequim ordenou às empresas aéreas do país que pararem de comprar aviões da gigante norte-americana Boeing. Segundo a agência norte-americana de notícias Bloomberg, que cita pessoas com conhecimento do caso, ainda não há declarações oficiais sobre o assunto. Mas o desenvolvimento é lógico, refletindo a cadeia brutal de eventos que se sucederam à decisão de Trump de sobretaxar importações chinesas em 145%.

A China é o mais suculento mercado de aviação do mundo. A própria Boeing previu no fim de 2024 que a frota chinesa subirá de 4.345 para 9.740 aeronaves até 2043, com o grosso da composição futura nos valiosos aviões de um corredor — serão 6.720 do total. Hoje, a rival europeia Airbus é dominante no país, com 2.200 aviões entregues, ou cerca de 55% do mercado. A Boeing relata 1,4 mil entregas nos últimos 20 anos; além de aeronaves mais antigas como cargueiros e aparelhos que chegam por leasing.
Assim, à primeira vista, é a fabricante baseada na França que mais tem a ganhar com a atual crise, ao lado da fornecedora doméstica Comac. A empresa chinesa começou a ver seu C919 voar em 2023, desafiando o reinado no nicho de um corredor do Airbus A320 e do Boeing 737.
Embraer
Até aqui, contudo, sua produção é limitada. Hoje, a Comac tem uma carteira firme de 713 encomendas de seu avião, praticamente toda na China, tendo entregue 12 no ano passado. A Airbus tem 8.658 pedidos e 766 entregas em 2024, ante 5.528 e 348 da Boeing, respectivamente.
A brasileira Embraer entregou 73 jatos comerciais e tem 373 pedidos, mas tem uma posição dominante no mercado executivo e boa entrada em nichos de defesa. Ao todo, seus clientes receberam 206 aviões no ano passado.
O movimento chinês, se confirmado, é óbvio mas traz riscos para a Comac. Seu avião tem diversas partes norte-americanas: os motores são do consórcio integrado pela GE, diversos itens de aviônica são de empresas como a Honeywell.
Equipamentos
Ainda assim, segundo a Bloomberg, o governo de Xi Jinping determinou também a suspensão de compras desses equipamentos. Isso levará a um aumento no custo de manutenção do que já existe e à necessidade de substituição, um processo demorado que deverá impactar preços.
Em resposta à guerra de Trump, que foi suspensa por 90 dias para outros países mas escalada contra a China na semana passada, Pequim determinou sobretaxas de até 125% sobre importações americanas.
As três principais empresas aéreas chinesas, Air China, China Eastern e China Southern, somam 179 encomendas imediatas de aviões da Boeing. Os norte-americanos têm um centro de montagem para partes do modelo 737 no país, mas ele é considerado subutilizado, segundo analistas.