Apesar de ter perdido o controle da comissão, a oposição está se organizando para ter ao menos metade dos integrantes do colegiado. Essa manobra pode dificultar a obtenção da maioria em votações estratégicas para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por Redação - de Brasília
O acordo firmado entre os líderes da Câmara dos Deputados e do Senado para a distribuição das presidências das comissões permanentes foi cumprido nesta quarta-feira, com a instalação dos colegiados. O Partido dos Trabalhadores (PT) indicou o deputado Rui Falcão (PT-SP) para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 43 votos favoráveis e 15 brancos.

Apesar de ter perdido o controle da comissão, a oposição está se organizando para ter ao menos metade dos integrantes do colegiado. Essa manobra pode dificultar a obtenção da maioria em votações estratégicas para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na Casa, a divisão dá mostras da composição de forças de base e oposição ao governo com o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em postos decisivos para endurecer o jogo contra o Palácio do Planalto.
Conservadores
A decisão foi tomada em reunião de Lira com líderes nesta manhã. Até pouco antes de o encontro começar, partidos ainda se articulavam na divisão de comissões. O PT, por exemplo, tentava o comando da comissão de Direitos Humanos — que havia ficado com o PP.
Na reunião, ficou acertado que o PT ficará com Direitos Humanos e, em troca, cedeu ao PP o comando da comissão de Cultura. No final, o partido de Lula ficará com as presidências das comissões de Finanças e Tributação, de Direitos Humanos e de Trabalho; além de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara.
Já no Senado a bancada evangélica se organizava, com a promessa de tentar barrar a legalização dos jogos de azar e enfrentar pautas que podem ampliar o acesso ao aborto ou à descriminalização das drogas.
Bolsonaristas
Aprovada pelo plenário da Casa no ano passado, a Frente Parlamentar Evangélica reúne alguns dos principais nomes do bolsonarismo, como a ex-ministra da Mulher Damares Alves (Republicanos-DF), o ex-secretário da Pesca Jorge Seif (PL-SC) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ao todo, 15 senadores devem integrar a bancada evangélica. Apesar do nome, o grupo tem recebido o apoio de parlamentares conservadores de outras religiões, como o recém-eleito e católico Cleitinho (Republicanos-MG).
— (O objetivo é) fortalecer a bancada evangélica nessas pautas que os conservadores são contra, como ideologia de gênero, legalização das drogas, essa questão de aborto. É fortalecer a bancada evangélica para que, quando tiver essas pautas, a gente possa barrar — disse Cleitinho ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
A opinião também é compartilhada pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que é espírita. Girão afirma que a frente parlamentar "transcende a questão evangélica", e diz que é importante que os senadores troquem informações sobre "pautas de valores e princípios".
— É uma frente cristã que defende a liberdade de culto, a liberdade religiosa. E isso é muito importante, principalmente agora que voltam as ameaças de liberação de aborto, liberação da maconha, ideologia de gênero — concluiu.