Segundo a pesquisa que monitora a região, que se baseou em dados mensais sobre o bioma, a área alagada do Pantanal diminuiu 61% entre 1985 e 2023.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
O Pantanal é um bioma conhecido pela presença de grandes áreas alagadas, formando uma das principais planícies cobertas por água do mundo. Essa realidade, porém, está mudando. Os períodos de cheia estão cada vez mais curtos, fazendo com que os de seca fiquem cada vez mais longos. Em meio a isso, os incêndios proliferam no bioma.
A conclusão aparece no novo levantamento do MapBiomas, divulgado na segunda-feira. Segundo a pesquisa que monitora a região, que se baseou em dados mensais sobre o bioma, a área alagada do Pantanal diminuiu 61% entre 1985 e 2023.
Essa nova realidade faz com que, atualmente, cerca de 22% da área de savana do Pantanal seja composta por locais que mudaram de áreas alagadas para secas.
O MapBiomas concluiu que, em 2023, a área alagada do Pantanal era de 3,3 milhões de hectares. Essa extensão de terra é 38% menor do que foi registrado apenas cinco anos antes, em 2018, quando a área alagada totaliza 5,4 milhões de hectares.
“A frequência elevada de incêndios no bioma está associada à predominância de vegetação campestre, à alta incidência de variações no regime de inundação da planície e a períodos de seca prolongados”, explicou Mariana Dias, pesquisadora da equipe do bioma Pantanal no MapBiomas.
Secas mais prolongadas
Não era incomum que certas áreas alagadas do Pantanal ficassem nessa condição por meses. Entretanto, a mudança nesse padrão – ou seja, com períodos menores de alagamento – tem contribuído para o aumento nas queimadas.
Se até 2018 era normal que alguns ambientes ficassem permanentemente alagados, essa já não é mais uma realidade. Segundo o MapBiomas, o total queimado entre 2019 e 2023 foi de 5,8 milhões de hectares. A maior incidência de queimadas vem acontecendo, justamente, no entorno do Rio Paraguai.
A bacia hidrográfica do Pantanal vem sofrendo transformações por conta do aumento do uso agropecuário intensivo. Como explica Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do MapBiomas, “o Pantanal já experimentou períodos secos prolongados, como nas décadas de 1960 e 1970, mas atualmente outra realidade, de uso agropecuário intensivo e de substituição da vegetação natural por áreas de pastagem e agricultura, principalmente no planalto da BAP [Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai] , altera a dinâmica da água na bacia hidrográfica”.
Em meio a isso, áreas naturais do Pantanal vêm sendo convertidas em pastagem. Isso acontece por meio do uso do fogo para facilitar a abertura das áreas naturais.
“Se em 1985 o uso antrópico das terras da BAP correspondia a 22% do total, no ano passado esse percentual já alcançava 42%”, mostra o estudo. Segundo o MapBiomas, o principal uso antrópico do planalto da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai é a pastagem, que corresponde a 77% do total da área.