Israel restringiu significativamente o acesso de ajuda humanitária a Gaza em outubro, permitindo a entrada de aproximadamente um terço da assistência que conseguiu ser transportada para o enclave palestino no mês anterior.
Por Redação, com DW – de Gaza
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou, neste domingo, que toda a população palestina no norte da Faixa de Gaza está sob “risco iminente” de morrer de doenças, fome ou devido aos constantes bombardeios israelenses.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, alerta que somente nas últimas 48 horas, mais de 50 crianças foram mortas em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados em Gaza, onde ataques aéreos israelenses destruíram dois prédios residenciais que abrigavam centenas de pessoas.
Israel restringiu significativamente o acesso de ajuda humanitária a Gaza em outubro, permitindo a entrada de aproximadamente um terço da assistência que conseguiu ser transportada para o enclave palestino no mês anterior.
Bombardeios
Russell criticou as ações de Israel contra a população e as estruturas civis, assim como aos trabalhadores humanitários e seus veículos, que, segundo disse, “devem sempre ser protegidos de acordo com o direito internacional humanitário”.
— Ordens de deslocamento ou evacuação [dadas pro Israel] não permitem que nenhuma parte do conflito considere todos os indivíduos ou objetos em uma área como alvos militares; tampouco os isentam de suas obrigações de distinguir entre objetivos militares e civis, agir de modo proporcional e tomar todas as precauções viáveis nos ataques — afirmou.
Segundo a executiva, “esses princípios, porém, estão sendo desrespeitados repetidamente, deixando dezenas de milhares de crianças mortas, feridas e privadas de serviços essenciais necessários para a sobrevivência”, e pede o fim dos ataques a civis, trabalhadores humanitários, e ao que resta das instalações e infraestrutura civis em Gaza.
Refugiados
Profissionais de saúde palestinos relataram neste domingo que ao menos 31 pessoas morreram em ataques aéreos israelenses em Jabalia e Beit Lahiya, também no norte de Gaza.
Os médicos afirmam que ao menos 13 palestinos morreram em ataques a áreas residenciais nos dois campos de refugiados e os demais foram mortos em bombardeios israelenses na Cidade de Gaza e em áreas do sul, incluindo Khan Younis, onde morreram oito pessoas, incluindo quatro crianças.
O Exército israelense deu inicio a uma nova ofensiva no norte de Gaza em 6 de outubro, sob a justificativa de tentar impedir que os combatentes do Hamas se reagrupassem. Pessoas na região relataram que as forças israelenses cercaram hospitais e abrigos para palestinos desabrigados e atacaram áreas residenciais.
Enclave
— Os relatos sobre este ataque são ainda mais perturbadores, porque a Clínica Sheikh Radwan é um dos postos de saúde onde os pais podem vacinar seus filhos. O ataque de hoje ocorreu enquanto a pausa humanitária ainda estava em vigor, apesar das garantias de que a pausa seria respeitada — criticou Rosalia Bollen, porta-voz do Unicef.
A ofensiva israelense em Gaza teve início em 7 de outubro do ano passado, em reação aos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel, que mataram em torno de 1.200 pessoas.
Os ataques e bombardeios de Israel em Gaza deixaram mais de 43 mil mortos no enclave, segundo dados do Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.