Rio de Janeiro, 27 de Abril de 2025

País estuda tecnologia para estocar vento, afirma ministro

Na época, Rousseff discorria sobre a intermitência das fontes renováveis, como a energia eólica e solar, e a necessidade de desenvolver tecnologias para armazenar essa energia.

Quarta, 19 de Fevereiro de 2025 às 20:25, por: CdB

Na época, Rousseff discorria sobre a intermitência das fontes renováveis, como a energia eólica e solar, e a necessidade de desenvolver tecnologias para armazenar essa energia.

Por Redação, com ACS – de Brasília

Ministro das Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira prometeu, nesta quarta-feira, cumprir uma promessa da então presidente Dilma Rousseff  e passar a estocar vento. A frase, famosa em setembro de 2015 durante um congresso da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, sobre mudanças climáticas, foi alvo de chistes no Brasil, por parte da oposição e da mídia conservadora.

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A geração de energia solar e eólica é maior do que a capacidade de armazenamento

Na época, Rousseff discorria sobre a intermitência das fontes renováveis, como a energia eólica e solar, e a necessidade de desenvolver tecnologias para armazenar essa energia. Até hoje, a energia hidrelétrica é mais em conta, por durar mais e pela manutenção; além do fato de água ser gratuita e poder ser estocada em grandes reservatórios. 

— O vento podia ser isso, também, mas a gente não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de, na eólica, estocar, ter uma forma de você estocar… porque o vento é diferente nas horas do dia. Vamos supor que vente mais à noite… como é que eu faria para estocar isso? — questionou a presidenta deposta no golpe de Estado, em 2016.

 

Conceito

A expressão “estocar vento” virou meme e ganhou as redes sociais, mas o conceito por trás da ideia não estava errado. A armazenagem de energia em baterias, dada a evolução tecnológica, permite aproveitar a eletricidade gerada por fontes intermitentes, como eólica e solar, para uso posterior.

Essa, agora, é a nova aposta do governo. Alexandre Silveira disse que, até o meio do ano, deve ser realizado o primeiro leilão para contratar sistemas de baterias que permitam armazenar a energia gerada por essas fontes em momentos em que o consumo não esteja tão alto e elas sigam produzindo.

— Eu quero armazenar o vento. Eu vou armazenar o vento. A eólica, o que ela produz durante o dia, eu vou poder, com as baterias, quando elas tiverem custo e benefício para a sociedade, eu vou poder fazer com que, na hora que o vento para, as baterias garantam o sistema — observou.

 

Baterias

O mesmo tipo de estratégia deve ser aplicado em relação aos parques de geração solar.

— Eu já ouvi do Meio Ambiente, uma certa vez, que, se nós temos tanta energia solar e eólica, por que nós precisamos de outras? Porque o sol se põe às 18 horas. E eu quero até poder armazenar o sol, com o leilão de baterias que nós vamos fazer e seremos um dos primeiros países do mundo a promover isso agora. As energias intermitentes vão passar a ser energias mais seguras — acrescentou Silveira.

Usinas eólicas costumam, de fato, produzir mais energia a partir de ventos noturnos, quando o consumo é inferior ao volume demandado durante o dia.

 

Potência

O MME abriu, em setembro do ano passado, a consulta pública para colher sugestões do edital para o leilão de reserva de capacidade na forma de potência, com sistemas de armazenamento. O prazo acabou em outubro do ano passado. Em breve, deve ser publicado o edital, com previsão de que o leilão ocorra até junho.

A intermitência das fontes renováveis tornou-se tema central nos debates do setor elétrico, dado o espaço que ganharam na matriz elétrica nacional.

Atualmente, as usinas eólicas respondem por 16% da potência instalada do país, enquanto a fonte solar já representa 8,4% do total utilizado, ou seja, de cada 100 lâmpadas que são ligadas no país, 25 delas, em média, iluminam a partir da geração pelo sol ou pelos ventos.

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