Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Oposição venezuelana alerta sobre ameaças de Cabello à Espanha

Antonio Ledezma denuncia ameaças de Diosdado Cabello contra opositores venezuelanos na Espanha e pede proteção ao governo espanhol.

Quinta, 30 de Outubro de 2025 às 12:49, por: CdB

Antonio Ledezma descarta que um novo processo de mediação na Venezuela possa trazer resultados: “O que falhou tantas vezes não pode ter sucesso agora”.

Por Redação, com Europa Press – de Caracas, Madri

O líder oposicionista venezuelano Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas e coordenador do Conselho Político Internacional de María Corina Machado e Edmundo González, apresentou nesta quinta-feira uma queixa formal ao Ministério do Interior da Espanha sobre as ameaças feitas recentemente pelo ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, contra dissidentes no exílio.

Oposição venezuelana alerta sobre ameaças de Cabello à Espanha | Diosdado Cabello é denunciado por ameaças ao governo espanhol
Diosdado Cabello é denunciado por ameaças ao governo espanhol

Ledezma, que explicou, juntamente com o advogado Tomás Arias Castillo, que com essa queixa eles estão tentando dar um “alarme” sobre a situação enfrentada pelos dissidentes no exterior, especialmente na Colômbia, Panamá e Espanha, confirmou que a mesma queixa foi apresentada no dia anterior à Direção Geral da Polícia.

– Hoje viemos apresentá-las ao Ministério do Interior e viemos solicitar uma reunião com o Secretário de Estado – especificou, ao mesmo tempo em que esclareceu que seu objetivo, em última instância, é solicitar a “proteção” dos opositores venezuelanos no país.

Ledezma explicou que foram apresentadas provas, “incluindo uma gravação do segundo comandante da ditadura venezuelana, Diosdado Cabello, que disse em seu programa de televisão que os dissidentes na Espanha devem estar preparados porque podemos ser alvo de um ataque”.

– As autoridades espanholas precisam saber disso porque também há precedentes. Aqui na Espanha, há alguns meses, um líder do Tren de Aragua foi preso – disse ele, enquanto acusava o governo de “não fazer reparos quando se trata de perpetrar ataques”. “Além da proteção a Edmundo González, temos que ter em mente que geralmente realizamos muitos atos. Precisamos de proteção para os venezuelanos que participam dessas ações, que são milhares, porque vamos continuar até que a tirania caia”, disse ele.

Por sua vez, Arias defendeu o fato de que a Espanha é um “estado democrático” cujas instituições “são totalmente confiáveis”. “Esse é um sinal de alerta e pedimos uma reunião para acompanhá-lo, para que não seja apenas uma denúncia. Confiamos que existem órgãos de segurança honestos que fazem seu trabalho, mas a situação na Venezuela é tão grave que devemos vir e ser insistentes”.

– O assunto é muito sério e tem a ver com a segurança e a proteção da vida dos líderes e cidadãos venezuelanos que vivem no exílio. O terrorismo de Estado de Maduro se estende para além das fronteiras da Venezuela e, recentemente, houve uma acusação direta de Diosdado Cabello, que disse saber onde estão os dissidentes nesses países. Eles sabem da importância dessa diáspora – acrescentou.

Processos de mediação

Sobre uma possível mediação do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ele lamentou que o presidente esteja “pedindo há mais de um ano a ata” das eleições de julho de 2024. “Qualquer um que queira ajudar como moderador tem que pedir a (Nicolás) Maduro que entregue o poder, que pare de matar pessoas, que pare de sequestrar”, disse ele.

“De quantas mortes mais eles precisam? De quantos exilados mais eles precisam? De quantas provas de pessoas torturadas eles precisam antes de emitir mandados de prisão? Por quanto tempo eles vão continuar a adiar as decisões que o povo da Venezuela está esperando?

A esse respeito, ele enfatizou que os dissidentes estão enfrentando um “regime que busca silenciar aqueles que têm o direito legítimo de falar sobre os crimes contra a humanidade que Nicolás Maduro está cometendo e que eles devem continuar a denunciar”, disse ele.

Ele ressaltou que, somente neste mês de outubro, “o regime de Maduro fez 43 novos reféns”. “Na Venezuela há milhões de venezuelanos reféns dessa ditadura que se recusa a entregar o poder àqueles que são os líderes legítimos dessa transição que deve começar em breve”, ressaltou.

Referindo-se a um novo processo de mediação, ele destacou que “o que falhou tantas vezes não pode ter sucesso agora”, lembrando que 16 processos de diálogo já foram realizados na Venezuela.

– Todo mundo sabe que as eleições foram vencidas por Edmundo González e María Corina Machado, e que temos os resultados. O presidente Lula deve pedir a Maduro que assine as atas e aceite os resultados das eleições, para submetê-los aos órgãos aos quais ele deve prestar contas – acrescentou.

Ele também advertiu que Maduro “está travando uma guerra contra o povo, que está sendo morto pela fome e pela desolação, com a inflação mais alta do mundo e pessoas que não têm meios para preparar o café da manhã”.

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